segunda-feira, 27 de julho de 2015

Trocando o R pelo L

O Gael, hoje com seis anos, sempre falou estilo Cebolinha. Além disso, puxava o s, como se fosse carioca. Confesso que achava a coisa mais fofa desse mundo e demorei a pensar que pudesse haver algo errado nisso. Entretanto, quando ele fez 4 anos, conversei com uma amiga fonoaudióloga que me disse o seguinte: isso é normal até a criança fazer 5/6  anos. Caso até lá ele não passe a falar corretamente, é importante procurar ajuda profissional antes da alfabetização, para que isso não atrapalhe o processo.  Fiquei tranquila, esperando que naturalmente ele passasse a falar o R.

O fato é que quando Gael tinha 5 anos e meio, ele continuava falando Homem-Alanha e a alfabetização na escola estava prestes a começar. Era a hora de buscarmos ajuda! Me indicaram uma fono e lá fomos nós. Depois de algumas sessões comecei a achar esquisito o fato dela praticamente não mandar exercícios pra casa. Os meses foram passando e a única mudança que houve é que, quando chamado atenção, ele corrigia o R como se fosse um gringo falando português. Resolvemos então procurar outra profissional e... Quanta diferença! Desde a primeira sessão notei grande evolução. Ele trazia exercícios para casa, que trabalhavam a postura da língua e dos lábios, e os fazíamos juntos, duas a três vezes todos os dias. Foi beeeeeeeeem trabalhoso, exigiu esforço e dedicação. Mas me deu tanto orgulho! Muitas vezes meu pequeno mesmo me lembrava: “mamãe ainda não fizemos os exercícios”.

Enfim, depois de 7 meses de terapia correta e com uma profissional capacitada, meu grande amor está com a fala perfeita. E morrendo de orgulho de si mesmo pelo feito. Dá gosto de ver e o peito enche com uma alegria que só mães entendem, quando suas crias superam algum obstáculo.


Parabéns Gael! A mamãe morre de orgulho de você!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Meu filho tem APLV, e agora?

Esse leitinho pode!

Quando aos 3 meses, um amiga nutricionista expert em APLV me sugeriu que talvez a irritação do Otto pra mamar pudesse ser alergia à proteína do leite de vaca, minha primeira reação foi pensar: tá louca? Ele já nasceu com PTC, não vai vir com mais nenhum problema não, rs. Como se houvesse uma caderneta contabilizando quantos problemas, alergias, doenças, cada indivíduo poderá ter nessa vida. Seria ótimo, eu sei, mas não foi assim.
O fato é que desde os dois meses o Otto dava muito trabalho pra mamar. Chorava no meio das mamadas, chorava um pouco depois e parou de engordar. A pediatra suspeitou que meu leite estivesse secando e indicou complementação com um leite chamado Enfamil Gentlease ( a proteína do leite é parcialmente hidrolisada e minimiza reações alérgicas), a muito contragosto acabei cedendo e por um bom tempo pareceu ser a decisão acertada. Ele voltou a ganhar peso e reclamava menos nas mamadas. Mas arrotava e gorfava bastante. Fui diminuindo a complementação e consegui mantê- lo no peito até chegar perto dos 8 meses, quando ele começou a recusar sistematicamente meu seio e "pedir" a mamadeira.
Com o desmame e a introdução de uma fórmula comum, ele passou a vomitar várias vezes por dia, um vômito ácido, que chegou a desbotar o tapete de e.v.a. Um dia contei 10 vômitos entre as 5 e as 8 da noite. Bateu aquele desespero. A médica indicou o uso de Label, mas depois de uma semana ele ainda não havia apresentado melhora alguma. Foi então que lembrei da minha amiga linda e especialista Renata Pinotti e bingo! Tudo indicava que ele realmente tinha alergia à proteína do leite de vaca. Começamos a dieta de exclusão do leite: trocamos a fórmula pelo Neocate ( fórmula feita a partir de aminoácidos) e tiramos da alimentação tudo que tivesse leite e traços de leite .
Essa é a parte mais complicada. Até termos o diagnóstico comprovado, era necessário excluir 100% qualquer possibilidade de contato com o leite, isso incluíam os traços. Os traços de leite são, na maioria das vezes, uma “contaminação” do produto, que passou por uma máquina onde foram fabricados produtos com leite ou derivados. Assim, eles acabam adquirindo quantidades mínimas desses ingredientes durante a fabricação. Para garantir que não houvesse essa contaminação também trocamos as mamadeiras, o copo do liquidificador e a bucha de lavar a louça dele. Haja cuidado, paciência e perseverança nessa fase! Fomos então para uma gastro, que nos deu o laudo para conseguir o leite do governo e receitou a dupla de combate ao refluxo: label + domperidona. Resultado: em duas semanas o Otto parou de vomitar e arrotar! Alergia confirmada, bora se informar e conhecer tudo sobre a tal APLV ( Alergia à Proteína do Leite de Vaca). Li o livro Guia do Bebê e da criança com alergia ao leite de vaca, entrei em duzentos fóruns e blogs sobre o tema. É sempre um alento para mães desesperadas saber de histórias de sucesso e compartilhar informações.
Passado pouco mais de um mês pedi para a nutricionista me liberar para testar se ele realmente reagia aos traços de leite. Voltei a dar "leite" nas mamadeiras de antes e até arrisquei alguns alimentos que continham traços, como o pão francês. E graças a Deus ele não reagiu!
Parece um bicho de sete cabeças, mas na verdade é muito simples. Especialmente para bebês que ainda estão no início da introdução alimentar e ainda não comeram a maioria dos derivados de leite ( queijos, danones, etc) e, portanto, não sentirão falta deles. Um das coisas que aprendi com minha nutricionista fofa, foi a importância dos pais estarem seguros do que estão fazendo. Quando há dúvidas em relação à dieta, e etc, o bebê capta essa insegurança e fica tudo mais difícil.
Otto agora tem 11 meses e começou a comer a comida da família, então iniciamos um novo desafio. Garantir que ele coma comida normal, sem ingerir leite. Já houve alguns incidentes (como comer curau e couve na manteiga) e as reações voltaram com tudo. Só aí me conscientizei 100% dos cuidados que devo ter com a alimentação dele. 

- Melhor levar sempre a marmitinha dele em qualquer situação, pois a imensa maioria das pessoas não têm a dimensão do que é essa alergia, acabam omitindo ( sem perceber) ter colocado um ingrediente que continha leite na fabricação do alimento.
- Sempre avisar as pessoas que estão com ele sobre a alergia e a importância de não oferecer nenhum alimento sem seu conhecimento, mesmo que isso faça você parecer mal educada ( e como o povo oferece, é impressionante como as pessoas acham "legal" alimentar um bebê alheio)
- Perder a preguiça de cozinhar
- Aprender receitas novas que não usam leite ou usam substitutos como o leite de arroz
-Não ficar triste pelas coisas que seu filho não pode comer, mas ficar alegre pois sua alimentação será super saudável. O que realmente importa, ele pode comer! ( frutas, legumes, verduras, carnes)
- Confiar e agradecer, e se manter calma, pois a alergia tem cura. A maioria das crianças até os 3 anos já desenvolve tolerância

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Afinal, o que é parto humanizado?

Quando falamos em parto humanizado, as pessoas logo imaginam uma mulher parindo na banheira de sua casa, à meia luz. Como se fosse um "tipo de parto", quando na verdade é um processo. Parir na banheira e em casa é apenas uma das formas de se ter um parto humanizado. Como o próprio nome já diz, a humanização do parto visa proporcionar a mãe a ao bebê um nascimento mais humano e respeitoso, no qual a mulher participa de forma ativa e como protagonista, com respeito à fisiologia de seu corpo. Não há um " protocolo" a seguir, mas em linhas gerais, em um parto humanizado:
- a mulher tem direito a acompanhante
- não há intervenções ( episiotomia, enema, manobra ou uso de ocitocina sintética)
- a mãe é livre para se alimentar e se movimentar durante o trabalho de parto
- o bebê é colocado diretamente no colo da mãe, antes mesmo de cortar o cordão umbilical, para criação do vínculo
- estímulo à amaentação nas primeiras horas de vida
- alojamento conjunto de mãe e bebê
- sem aspiração de vias aéreas no RN
- procedimentos feitos no bebê ( pesar, medir, etc) após no mínimo uma hora

Como vocês podem perceber, a maior parte desses itens podem ser realizadas em partos hospitalares e cesáreas. Então, vamos todas (os) abraçar essa causa?