terça-feira, 14 de abril de 2015

Você já leu para o seu filho hoje?

Você tem o hábito de ler para o seu filho? Se não tem, esse post vai te dar alguns motivos para começar com essa rotina hoje mesmo! Pesquisas mostram que a criança que tem contato com a literatura desde cedo, principalmente se for com a ajuda dos pais, é beneficiada em diversos sentidos, entre eles maior facilidade de comunicação e aprendizado. Ou seja, quem é acostumado à leitura desde bebê  se torna muito mais preparado para os estudos, para o trabalho e para a vida. Em outras palavras, o contato com os livros pode mudar o futuro dos seus filhos. Parece exagero, eu sei, mas não é. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Fundação Nacional de Leitura Infantil  afirma que, para a criança de 0 a 5 anos, cada ano ouvindo historinhas e folheando livros equivale a 50 mil dólares a mais na sua futura renda. A leitura estimula a imaginação, aguça a curiosidade, aumenta o vocabulário  e ajuda no desenvolvimento da linguagem, tanto escrita quanto oral. Além disso, quanto mais cedo se começa ler maiores são as chances de se tornar um leitor assíduo!
Se nada disso ainda te convenceu, então vou usar o último ( e melhor) argumento: é uma ótima e imperdível oportunidade de  passar tempo de qualidade com seu filho. Sem que ele esteja pulando de um sofá para o outro, fazendo manha ou correndo por aí ( o que aqui em casa é bem frequente). É um dos poucos momentos de quietude que passo com meu mais velho ( 6 anos), é uma delícia ficar abraçadinha com ele ao meu lado, todo concentrado. Volto a ser criança fazendo as entonações das personagens e  me divirto junto com ele.Aqui em casa introduzimos a leitura quando o Gael tinha  pouco mais de um ano e sempre antes de dormir.  Virou parte da rotina e hoje quando vamos para a cama ele já escolhe o livro sozinho. Uma  dica bacana é deixar os livros ao alcance das mãos das crianças, para que elas possam explorá-los sozinhas!Confesso que há dias em que estou morta de cansaço e acabo pulando a leitura  ( prometo no dia seguinte ler duas histórias – e  nem sempre cumpro – me julguem), mas em geral fazemos isso todas as noites e é realmente muito legal. Acho importante que eu também tenha prazer com essa atividade e não faça somente como uma obrigação. Crianças sentem a energia que colocamos nas coisas, então se for pra fazer com má vontade, melhor não fazer e deixar para outro dia!Ainda não comecei com o Otto, que vai fazer oito meses, mas já estou começando a pensar em fazê-lo. Uma ideia legal é colocar o mais velho ( que está sendo alfabetizado) para ler histórias para o caçula. Estou só esperando o Gael  aprender a ler direitinho pra colocar isso em prática. Acho que vai ser emocionante! 

Chá de Bençãos


Você sabe o que é um Chá de Bençãos? É uma "alternativa" ao Chá de Bebê. A grande e principal diferença é que no chá de bençãos o foco principal é a mãe! Além de não haver preocupação com presentes, decoração, menu ou lembrancinhas ( o que para muitas mamães é um alívio).
Como funciona?
As amigas mais próximas se encontram para oferecer energia positiva, boas vibrações e bençãos para a grávida ( e o bebê, claro)! As mulheres se reúnem em uma roda para paparicar a grávida, fazendo massagens, escalda pés, meditação ou oração. Trocam experiências sobre parto, cantam e, ao final, oferecem uma benção. Não há regras e nem protocolo. O que acaba rolando é uma reunião de amigas que" resgatam" o sagrado feminino e enchem a grávida e seu bebê de amor e afeto! É uma experiência muito emocionante e inesquecível, tanto pra quem recebe como pra quem participa. A troca de energia é intensa e faz um bem danado para todo mundo. Eu tive a sorte de ter dois, um na cidade que moro e outro na cidade onde cresci. Fui cercada de amor e carinho pelas melhores amigas do mundo e meu caçula consequentemente recebeu toda essa vibração de amor.  O encontro acaba sendo mais leve e mais gostoso do que um chá de bebês cheio de pompa e circunstância e combinou muito mais comigo e com meu estilo de maternagem. Amei tanto que gostaria de disseminar a ideia. 

Que tal experimentar?





quarta-feira, 1 de abril de 2015

Os pezinhos que mudaram nossas vidas


Era um dia de abril e pela primeira vez meu marido não me acompanharia no ultrassom de nosso segundo filho. Seria o exame morfológico, aquele que avalia as medidas de todos os órgãos, eu estava bem tranquila e acabei não fazendo tanta força pra que ele fosse comigo. No segundo filho a gente relaxa.
Quando o exame começou, percebi um pouco de ansiedade. Afinal, o maior medo de toda mãe ( e pai) é que seu filho não seja perfeito. Essa ansiedade desapareceu assim que avistei suas mãozinhas.  1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10; contei mentalmente seus dedinhos. Ufa. Depois o médico avaliou cada orgão, tudo ok e passou para as perninhas e pezinhos. Lá vou eu de novo 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10; Ufa! Todos os dedinhos estavam ali. Minucioso, o doutor se prolongou um pouco naquela região, disse que estava com dificuldade para visualizar os pés. Acabei me distraindo e quando voltei ao mundo, quase dez minutos já haviam se passado, e só então me toquei que algo de errado devia estar acontecendo. Senti meu coração quase saindo pela boca e amaldiçoei o momento em que resolvi ser “independente” e liberei meu marido deste ultrassom. Olhei o médico nos olhos. Ele parecia seguro do que ia me dizer, embora um pouco cuidadoso. –  O bebê apresenta uma curvatura anormal dos pés, tudo indica que seu filho tem Pé Torto Congênito.
Meu mundo acabou. Faltou fôlego e forças nas pernas. O médico continuava falando, mas era como nos desenhos do Snoopy quando o Charlie Brown só ouvia a professora dizendo bla bla bla bla bla bla. As lágrimas escorriam pelos meus olhos e eu queria sair dali correndo. Apenas escutei o médico dizer,” tem tratamento, é só fazer uma cirurgia e vai ficar tudo bem”.  Como assim fazer cirurgia? Levantei da cadeira quase cambaleando, os olhos embaçados e saí do laboratório transtornada. Só consegui ligar para o Juliano e chorar muito. Ele assustou coitado, achou que eu tivesse perdido o bebê. Então quando eu disse que nosso filhinho nasceria com um problema nos pés, ele acabou sentindo certo  alívio. No caminho até nossa casa fui dirigindo, quer dizer, acho que meu anjo da guarda assumiu o controle. Eu chorava, urrava, gritava e tentava acessar a internet do celular pra entender o que era esse PTC ( Pé Torto Congênito). As primeiras fotos que apareceram foram tão aterrorizantes que só me fizeram chorar mais. Eu estava devastada. Cheguei em casa, abracei meu marido e choramos juntos o luto de nosso filho idealizado; para logo abraçar a ideia do nosso filho “real” e muito amado.
Passado esse tremendo susto inicial, dediquei meus dias para pesquisar sobre o assunto e o tratamento. Encontrei alguns sites, blogs e grupos de mães de filhos com PTC. E ao ler um dos blogs, acabei encontrando o contato daquele que seria seu médico ( Dr Jose Volpon, professor da USP) e o tipo de tratamento que iríamos seguir: o método Ponseti. Ler aqueles relatos encorajadores e ver as fotos dos pequenos guerreiros sorridentes e com os pezinhos perfeitos foram um bálsamo para minha alma. Eu enfrentaria o que estivesse pela frente! Ou seja, seis trocas de gessos ( do pé até a coxa), uma cirurgia para alongamento de tendão ( tenotomia) e aproximadamente 4 anos de órtese.
Levei algumas semanas para digerir a notícia. Foram dias sombrios, de muito medo e insegurança. Mas o conhecimento mais profundo do assunto e a certeza de que Deus sabe o que faz foram, pouco a pouco, me trazendo paz. Eu só pensava que o bebê precisava da minha calma para se desenvolver bem e que de nada adiantaria eu me desesperar. Em momento algum senti revolta ou questionei o porquê. Aceitei logo o desafio que me foi imposto e realmente enxerguei nele uma oportunidade de fortalecer nossa família. E foi realmente o que aconteceu! O restante da gravidez foi tranquilo e aproveitei esse tempo para estudar sobre o PTC e conversar com o médico.
O dia do nascimento foi mágico ( conforme relatei aqui:https://tresnortes.wordpress.com/2014/09/16/relato-do-meu-parto-fabiana-e-otto/) e todo e qualquer medo se dissipou por completo. Dizem que nem sempre o amor de mãe nasce junto com o filho; mas o meu nasceu. Foi só eu segurar o seu corpinho e olhar aqueles pezinhos tortinhos ( coisinhas mais lindas de Deus) pra meu coração bombar de ocitocina e transbordar amor imediatamente.
Com 8 dias de vida Otto iniciou o tratamento e levamos uma vida absolutamente normal desde então. Costumo dizer que se no dia do ultrassom fatídico eu soubesse como tiraríamos tudo de letra, eu não teria sofrido e temido tanto. Não é fácil, mas também não é tão difícil assim. Difícil é quando não tem tratamento! Neste caso não só há tratamento, como o prognóstico é de sucesso total!
Com pouco mais de 70 dias de vida Otto já usou 7 gessos, fez uma cirurgia e agora usa uma órtese ( que chamamos de botinha) que o irá acompanhar até aproximadamente os quatro anos de idade para manter seus pezinhos ( agora já perfeitos) firmes no lugar. Falando assim parece um bicho de sete cabeças, mas de verdade, não é. O ser humano tem uma capacidade incrível de se adaptar e os bebês então…
Tudo isso tem nos ensinado diariamente. Hoje vejo os pequenos desafios da vida em sua real proporção, sem dramas; tenho o coração cheio de gratidão pela família linda que criamos e pela oportunidade de crescer como ser humano. Aprendi que uma adversidade terá em sua vida a proporção que você der a ela. E aqui escolhemos não dar prioridade a isso! A vida continua e nosso menininho é lindo, amado e perfeito do jeitinho que ele é! Graças a Deus e ao avanço da medicina seus pés estão perfeitos e ele poderá ter vida normal, andar, correr, jogar bola, fazer o que quiser.
SOBRE O PTC (Pé Torto Congênito)
Apesar de ser um susto para os pais, o pé torto congênito é um problema relativamente comum nos recém-nascidos – 1 em cada 1.000 nascem com ele. A causa dessa deformidade é desconhecida, por isso ele é chamado de Pé Torto Congênito Idiopático.
A maioria dos pés tortos podem ser corrigidos ainda quando bebês em seis a oito semanas com manipulações adequadas e aplicação de gesso. O tratamento é baseado no entendimento da anatomia funcional do pé e da resposta biológica de músculos, ligamentos e ossos às alterações de posicionamento obtidas pelas manipulações seriadas e aplicação de gesso. O tratamento que traz melhores resultados é o idealizado pelo médico americano Dr Ponseti, que deu nome a técnica.
O tratamento deve começar na primeira ou segunda semana de vida para aproveitar a elasticidade favorável dos tecidos que formam os ligamentos, cápsulas articulares e tendões. A criança tratada de pé torto logo ao nascer poderá desenvolver um pé normal, seja no aspecto, seja na função.
UMA PALAVRA AOS PAIS
Se você chegou até o blog porque descobriu que seu filho(a) tem PTC: Acalme seu coração! É mais fácil do que parece, não deixe que o diagnóstico perturbe sua gravidez.
Aproveite para já pesquisar sobre o tratamento e escolher seu médico. Ter tudo isso definido antes do nascimento ajuda bastante.
Participe de grupo de mães e pais de filhos PTC . Trocar experiências com quem já passou ou está passando pelo mesmo desafio ajuda a nos fortalecer e até resolver problemas que nos parecem muitos difíceis, mas que já podem ter sido solucionados por outras mães.
Prepare seu enxoval levando em consideração que seu bebê passará boa parte do tempo engessado ou com órtese, ou seja, diga adeus aos macacões com pezinhos e até mesmo às calças.
A questão do banho costuma assustar os pais ( afinal, dar banho num recém nascido já não é fácil, ainda mais com as duas pernas engessadas).  Eu segui essa dica de uma mãe e fomos muito felizes no banho >>https://www.youtube.com/watch?v=75z8DXK9Pwg  ( também mandei confeccionar dois saquinhos de tecido impermeável para cobrir as perninhas e evitar possíveis acidentes aquáticos).
Muito importante: Converse com seu bebê. Explique a ele cada etapa do tratamento, avise-o de tudo que vai ocorrer. Parece bobagem, mas mesmo pequeninos eles já têm um nível de entendimento e isso os deixa  mais seguros e confiantes, o que faz toda a diferença!
Gesso: uma dica preciosa>> Os gessos costumam levar o dia todo para secar e úmidos incomodam bastante, podendo até causar ( mais) cólicas. Usei o secador em todas as vezes e meu pequeno não teve problema algum pra se adaptar com os novos gessos. Muito cuidado para não queimar o pele do bebê, use o secador  a uma distância segura das perninhas e mire sempre apenas na área do gesso.
Se seu filho precisar fazer a cirurgia, o que ocorre em 90% dos casos, não se desespere. O procedimento é simples ( muitos médicos fazem apenas com anestesia local), o pós operatório é tranquilo e o resultado é maravilhoso. Aliás, durante todo o tratamento, quando o “bicho pegar” : FOCO NO RESULTADO!
Indicação de sites

Relato do MEU parto – Fabiana e Otto


Exatas quatro semanas após o nascimento do Otto, consigo sentar para escrever o relato. Coisa que não consegui fazer com o Gael, nem tantos anos depois. É impossível falar de um parto sem pensar no outro.  Seis anos atrás eu era apenas uma menina que queria muito ter parto normal  em uma cidade onde isso era quase impossível na rede privada. E eu nem sonhava muito com humanização, eu só queria conseguir parir meu filho no dia em que ele quisesse nascer e sem precisar cortar camadas e camadas da minha barriga. Isso eu consegui, e já foi suficiente para que eu me sentisse vitoriosa.  Tanto que apaguei das lembranças todas as intervenções ( e violências) desnecessárias, pra guardar apenas o que me importava na época: eu consegui! Bendita memória seletiva!
Então veio a segunda gravidez e após anos sendo ativista do parto normal, havia chegado a hora de conseguir o parto dos meus sonhos.  Igualzinho a todos aqueles relatos que eu sempre lia com lágrimas nos olhos. Eu estava decidida, não só eu iria parir meu filho quando ele quisesse nascer, mas eu seria a protagonista desse momento! E ai de quem tentasse me impedir!
Em um primeiro momento, eu e meu marido chegamos a cogitar o parto domiciliar. Mas após muita reflexão, percebemos que não teríamos coragem e buscamos uma segunda opção. Ribeirão agora era uma cidade com alguns médicos humanizados e escolhemos o que nos pareceu mais dedicado à causa. Entretanto, o doutor estaria fora da cidade justamente quando eu completasse 39 semanas e algo me dizia que o Otto decidiria nascer justamente nesse período. Então fomos conhecer a maternidade da Casa de Saúde de São Carlos,  e imediatamente nos apaixonamos pela estrutura humanizada do hospital, pelas enfermeiras e pelo médico.
Completei  39 semanas em uma quinta-feira. No final de semana perdi o tampão,  era um sinal de que meu corpo estava se preparando para o dia D, mas eu já sabia que isso ainda podia levar dias ou semanas. No começo da noite de domingo comecei a sentir contrações fortes. Não eram mais “treinamento”, eram reais. Após algumas horas elas ainda não tinham pegado ritmo e começaram a esvanecer. Falei com a Helena, minha doula, que me alertou que deveriam ser os pródomos e me sugeriu  tomar pulsatilla ( homeopatia) porque se fosse TP mesmo, elas engrenariam e se não fosse, elas espaçariam. E elas espaçaram. ..
Fiquei bem frustrada com esse alarme falso e resolvi tirar a segunda-feira de folga. Juliano passou o dia comigo, passeamos de carro,  fomos ao super mercado e abastecemos a casa. Sentia as contrações o dia todo, mas como eram leves e desritmadas, ignorei-as.  À noite elas ficaram mais fortes, mas não contei para ninguém com medo de mais um alarme falso. Depois de uma hora elas continuavam e mais fortes, comecei a contar e os intervalos eram de 7 , 8 minutos. Avisei a doula que me mandou parar de contar e tentar dormir. Frustração tomou conta de mim de novo e tentei dormir. Mas não dava. Elas doíam. Meu marido tinha acabado de dormir e a Helena também. Eu não queria acordá-los para um alarme falso, então entrei no chuveiro para ver se melhorava. Devo ter passado uns 20 minutos debaixo da água quente e eu sentia que elas só aumentavam. Foi aí que “desobedeci “ a doula e voltei a contar: 5 em 5 minutos. Eu comecei a tremer e senti que não havia mais dúvidas: era a hora! Acordei o Juliano  e pedi pra ele ligar pra Helena. Mal consegui falar com ela no telefone e ela apenas disse: estou indo praí, arrume suas coisas que já vamos pra São Carlos. Tive uma descarga de adrenalina e comecei a tremer muito.  Minhas coisas já estavam arrumadas então liguei para minha mãe vir de Rio Preto para Ribeirão, ela ficaria com o Gael meu filho mais velho, e chamamos minha cunhada pra  ficar com ele enquanto ela não chegasse. Era uma da manhã e embora eu tivesse inicialmente a intenção de levá-lo conosco para São Carlos, acabei achando que eu ficaria mais à vontade sem ele por perto. Sábia decisão!
A doula chegou e colocou uma cinta com bolsa de água quente nas minhas costas o que aliviou muito a dor das contrações, montamos no carro e fomos. Pedi para colocarem uns mantras para tocar na viagem e me conectei com o que estava acontecendo.  O trajeto até São Carlos  durou uns 40, 50 minutos e nesse período tive apenas umas 3 ou 4 contrações. Temi que fosse outro alarme falso, mas acho que foi apenas providência divina mesmo.
Chegando ao hospital senti as contrações voltando a se intensificar, demos entrada e a enfermeira obstétrica fez um exame de toque: 4 cm de dilatação. Não era muita coisa, mas era ALGUMA coisa e fiquei feliz. A enfermeira me avisou, “olha vai demorar, então não fique ansiosa”. Mas em algum lugar dentro de mim eu senti que ela estava enganada.
Eram 2h30 da manhã quando entramos no quarto. A Helena fez a iluminação ficar mais fraca, colocou minha playlist pra tocar e enquanto ela e o Juliano descansavam um pouco, eu tentava me concentrar o quanto pudesse. Eu queria vivenciar aquele momento por inteiro, eu respirava fundo a cada contração e sentia prazer ( sim, prazer) em assistir meu corpo trabalhando para trazer meu filho ao mundo. Depois de não sei quanto tempo ( eu abandonei meu celular, relógio e etc) comecei a me mexer, andar de um lado para o outro, quando senti minha bolsa estourar. Saiu tudo de uma vez, cataploft no chão, e muita água. Encharcou meu vestido e eu não tinha levado nenhuma outra roupa!! A doula me avisou que agora as contrações iam realmente começar a pegar força e ritmo. Resolvi ir para o chuveiro e passei um bom tempo por lá, a água quente aliviava a dor, sentei um pouco na bola debaixo do chuveiro, mas não conseguia encontrar uma posição que realmente me relaxasse.  Eu queria entrar na banheira e pedi que a enchessem. A dor começou a ficar mais intensa e eu vocalizava muito em cada contração.  Mas sentia que me faltava o ar ( o quarto estava quente demais também por causa da banheira sendo enchida) e isso começou a tirar meu foco. Coloquei um roupão e pedi pra sair do quarto, eu precisava tomar ar. Eu gritava durante as contrações e comecei a ficar aflita por estar fazendo isso no corredor do hospital.  E resolvi voltar para o quarto. Eu já não sabia quanto tempo tinha passado e resolvi me concentrar  com mais afinco para controlar a dor, já que eu não tomaria anestesia.  Mudei a “tática” e ao invés de gritar nas contrações, eu respirava fundo e repetia mentalmente, “a dor não me controla, eu controlo a dor”, até que a onda de dor se fosse. Eu fechava os olhos e era como se estivesse dentro  de mim mesma.  Funcionou.
Não sei quanto tempo passei assim, mas quando abri os olhos vi que amanhecia e pedi para o meu marido ficar perto de mim. Eu queria e precisava sentir sua companhia e seu amor, afinal, esse momento era dele também! Depois de um pouco de carinho, voltei a ficar introspectiva e a focar em controlar as dores das contrações, cada vez mais próximas e  intensas. Entrei naquilo que chamam de partolândia e tenho apenas fragmentos de memórias do que aconteceu então. Sei que em determinado momento implorei à doula que me deixasse entrar na banheira, ela relutou, pois achava que ainda era cedo e podia atrasar o trabalho de parto, mas eu fui firme e disse que queria mesmo assim. Então, entrei… E por 10 minutos tive um alívio imenso, cheguei a cochilar, até que fui despertada por uma vontade incontrolável de fazer força. Aquilo me assustou. Eu estava preparada psicologicamente para as contrações, mas para o puxo , não. No parto do Gael eu estava anestesiada e não senti absolutamente nada de vontade de empurrar. Aquilo era novo para mim e, francamente, bem assustador… Helena correu para chamar o médico ( sim, ele não estava na sala até então e nem precisava estar…) e as enfermeiras me davam palavras de apoio. O Juliano se sentou por trás de mim, fora da banheira e eu senti novamente aquele desejo de fazer força. E senti dor, muita dor, mais dor do que eu jamais havia sentido antes. E medo.  Gritei muito ( devo ter assustado o hospital todo, passei o dia seguinte pedindo desculpas às enfermeiras pelo escândalo) e tive vontade de desistir ( como?).  Quis mudar de posição, tentei  ficar de quatro, não rolou e então me ofereceram a banqueta. Aceitei, colocamos dentro da água e me senti mais confortável . O médico me garantiu que na próxima contração o Otto nasceria e de repente a cabecinha saiu. Me sugeriram que o tocasse. E  foi engraçado, pois sempre que via esse momento nos vídeos eu pensava: “jamais terei coragem de fazer, muita aflição”, mas eu o fiz. Senti a cabecinha e os cabelinhos, e aquilo me deu uma vontade enorme de pegar meu filho nos braços! Pedi ajuda ao médico, veio mais uma contração e ploft! Às 8h05 ele nasceu! E estava ali, nos meu s braços. Lindo, saudável, natural. Abracei-o, cheirei-o, só faltou lamber! Coloquei-o no meu seio, ele tentou pegar o mamilo, mas eu estava completamente esgotada e queria deitar. Saímos da banheira ainda ligados pelo cordão umbilical, deitei na cama e ele então mamou. Impressionante como a pega foi naturalmente perfeita! Só então eu me dei conta: eu havia conseguido o parto dos meus sonhos! E meu filho estava ali comigo, de onde não saiu nunca mais.  Todos os procedimentos foram feitos com ele no meu colo ou do meu lado. Alguns minutos depois a placenta saiu, e o cordão umbilical foi cortado por um relutante Juliano. Minha família estava completa! E eu também!
Quero agradecer muito a toda equipe da Casa de Saúde, ao cuidado das enfermeiras, à segurança do médico (Dr Rogério), ao suporte físico e emocional proporcionado pela Helena, minha doula, e o apoio incondicional do meu companheiro, marido e amigo, Juliano. E a compreensão da família, que em nenhum momento questionou minhas escolhas ! É com imensa emoção e alegria que escrevo esse relato. Do MEU parto, literalmente. O parto que eu desenhei, sonhei, visualizei e consegui. Que seguiu tudo que pedi no plano de parto sem que eu sequer precisasse entregá-lo a alguém ( não conseguimos imprimir e fomos sem mesmo).  Gratidão imensa!

* Post originalmente escrito em setembro de 2014

Obrigada por me mostrar um novo mundo


Gael,
Quatro ano atrás, uma hora dessas, minha barriga estava quase explodindo (sério, nunca vi uma barriga daquele tamanho, exceto em gestações de múltiplos) e eu seguindo todas as simpatias possíveis e imagináveis para você nascer logo. Mal sabia que aquelas eram as últimas horas da minha vida como uma pessoa “sozinha”. Porque a gente até sabe que a vida vai virar de ponta cabeça quando seu filho nasce, mas não dá para dimensionar o quanto essa mudança é definitiva.
E é engraçado como eu já nem lembro exatamente como era minha vida pré Gael. O que eu fazia nas minhas horas extras? Como era dormir a noite inteirinha e acordar somente com o toque do despertador? Como era preocupar-se tão somente com o próprio umbigo?
Eu nunca fui de romantizar a maternidade. Ela é transformadora, mas também cheia de percalços e sacrifícios difíceis de encarar. No entanto,o resultado dessa equação é tão positivo, que quanto mais o tempo passa, mas eu sou grata por ter a chance de vivenciar essa experiência. 
Eu, que já dei aulas por alguns anos, tenho uma prazer genuíno em ensinar. Gosto da tarefa de  mostrar o mundo para você. Mas é você, Gael, que me mostra, diariamente, um mundo novo. Com sua honestidade sem malícia,  me relembrando como é simples dizer somente a verdade, sempre. Me ensina o desapego, afinal dou a vida por ti diariamente sem esperar nada em troca.
Contigo, tenho a oportunidade de ser duas vezes mais feliz. Já que suas alegrias, são as minhas também. E às vezes, suas conquistas me fazem até mais feliz que as minhas próprias. 
E como é fácil ser feliz com você. Basta uma piada boba, contada com uma voz engraçada ou um cheiro no cagote. 
E por você, filho, tenho vontade de ser uma pessoa melhor. E sou. Sabe aquele desejo que geralmente as crianças têm de despertar orgulho nos pais? Pois eu quero que você tenha orgulho de mim. Mesmo diante de todas minhas imperfeições.  E que você saiba que sou humana, e que erro, mas que faço tudo, sempre, tentando acertar.
Às vezes, tenho a sensação que nosso amor vem de outras vidas. Mas acho que todas as mães se sentem assim. Eu gosto da minha individualidade e a preservo, mas  sou capaz de sentir saudade de você à noite, tendo te visto pela manhã.  Sou extremamente grata pela missão ser mãe desse menino tão especial, que transformou não só a minha vida e do papai, como a de todos da nossa família. Você nos enche de luz e alegria!
Isso não significa que você não me deixe louca de vez em quando. Aliás, quanto mais eu te amo, mais você me enlouquece. Vai entender o coração de mãe…
Meu príncipe, amanhã é o seu dia. Feliz aniversário. I love you very much.
Beijos,
Mamãe

* Post originalmente escrito em março de 2013

Três anos em mil


Mal posso acreditar, mas o meu bebê está fazendo três anos. E sejamos realistas, ele não é mais um bebê. Passou rápido demais. Foram 1096 dias tão intensos que já nem lembro como era minha vida antes de Gael. Hoje um molequinho esperto e metido a independente que tem voz e vontade próprias.
E isso muda absolutamente tudo! Como é gostoso ouvi-lo falar palavras difíceis (errado, claro, mas nem corrijo porque é fofo demais) ,  formular raciocínos e fazer perguntas, muitas perguntas. Nossa vida ficou tão mais fácil desde que aposentei minha bola de cristal e não preciso mais adivinhar o que se passa em sua cabecinha. Nos últimos meses finalmente passei a enxergá-lo como um serzinho e não como um prolongamento de mim.
Até porque somos muito diferentes. Ele está sempre bem-humorado e disposto a fazer amizades. Não passa por ninguém sem desejar bom dia ou dizer “ oi, tudo bem?”.  ( Digamos que eu não sou conhecida pelo meu bom humor). É muito atento aos detalhes,  do tipo que nota se você está de sapato novo, ( enquanto eu demoro meses para notar qualquer tipo de mudança na minha própria casa) e preocupado com a felicidade dos que o cercam.
Incansável, é capaz de passar duas horas ininterruptas correndo pelo clube e chegar em casa ainda querendo brincar  de esconde-esconde. Difícil é convencê-lo de que está na hora de dormir. Isso não acontece sem que eu conte ao menos uma história e cante duas músicas. Mas o Universo é tão maravilhoso que, apesar de me mandar um moleque dos mais agitados e sapecas, o fez carinhoso como jamais  sonhei. Do tipo que segura minha mão sem motivo aparente e me acorda com beijinhos ( tá, tem dias que me acorda com tapões também). E me faz sentir a pessoa mais amada e completa do mundo. Meu amigo, meu companheiro.
E eu, que sempre acreditei que realizaria coisas grandiosas e  deixaria um legado para o mundo, tenho hoje a certeza de que já fiz a coisa mais importante da minha vida, que é ter colocado o Gael no mundo. Ele é o meu maior e melhor legado.
Tenho como missão educá-lo para fazer a diferença nesse mundo doido em que vivemos. E é libertador levantar os olhos e parar de mirar no meu próprio umbigo. Que responsabilidade gratificante é olhar para frente e ajudar o meu molequinho a construir um futuro feliz. E eu, sinceramente, não desejo mais nada além disso.
Feliz aniversário, meu príncipe. Meu mundo é um lugar melhor por causa de você!

* Post originalmente escrito em março de 2012

Ser mãe é…


Nunca mais dormir uma noite inteira
Saber fazer a dança do Mickey
Sentir culpa por trabalhar
Sentir muita culpa por ter que viajar a trabalho
Sentir mais culpa ainda por gostar de trabalhar
Lembrar de todos os detalhes da vida de seu filho ( e consequentemente esquecer dos seus)
Ter dor nas costas
Perder a coragem de fazer loucuras
Ter a coragem de fazer qualquer coisa por ele
Deixar o mau humor e a timidez de lado sempre que o assunto for seu filho
Nunca mais ver uma criança sem pensar na sua
Ver um menino adolescente e ao invés de pensar – que gatinho- imaginar como seu filho será quando for um ( tá isso é ser mãe e estar ficando velha)
Não fazer planos sozinha
Nunca mais ficar sozinha ( tá, eu sei que isso vai durar até uns 13 anos, mas deixa eu me enganar gente)
Ter o seu coração batendo fora do seu corpo, no corpo de alguém
Ver um pedaço seu virando gente
Ser mais responsável por medo de faltar para o seu filho ( até para atravessar a rua estou mais atenta)
Deixar o umbigo de lado e colocar alguém à frente de suas prioridades para o resto da vida
Babar muito a cada conquista ( hoje ele aprendeu a lavar os pés no banho. é um gênio.)
Amar sem esperar nada em troca
Aprender a fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo
Adquirir uma visão raio-x imaginária, que te faz enxergar todos os possíveis perigos de um lugar
Saber o nome de todos os personagens do Backyardigans
Preparar alguém para vida
Ceder a televisão no horário nobre ( e nunca mais ver novela das oito)
Jamais , em hipóteese alguma, ficar incomunicável ( posso estar cobrindo a erupção de um vulcão, mas dou um jeito de achar um número para entrarem em contato caso necessário)
É voltar a ver e ouvir  Xuxa depois de quase 25 anos ( e perceber o quanto a voz dela é insuportável, mas suportar mesmo assim)
Tomar leite puro porque o Nescau está acabando e só dá para um
Deixar de comer o último pedaço da sua torta favorita só porque talvez ele possa querer mais tarde
É escolher um restaurante/bar pelo playground
É chegar atrasada na aula de pilates porque não teve coragem de acordar seu anjinho
Nunca mais chegar na hora certa em lugar algum ( por mais pontual que tenha sido a vida toda)
Ler todos as teorias sobre educação infantil que caírem em  suas mãos e na prática acabar seguindo seu instinto
É ter as paredes de casa rabiscadas, o sofá quebrado e não estar nem aí
É precisar ser dura mesmo quando sua vontade é morder
Descobrir que você sabia fazer tudo isso sem nunca ter aprendido

* Post originalmente escrito em outubro de 2011

Carta aberta ao meu grande amor


Gael
Filho, hoje você faz dois anos. Não é tanto tempo, mas é o suficiente para eu já nem lembrar como era minha vida antes de você.  Tenho tantas coisas para te dizer e espero ter todo o tempo do mundo para te dizê-las diariamente. Mas há algumas coisas que você precisa aprender sobre sua mãe. Eu adoro escrever cartas e essa certamente será apenas uma delas para você.
Vou ser muito sincera. Aliás, essa é outra coisa que você vai aprender sobre a mamãe. Sou muito sincera, e isso pode até ser uma virtude, mas às vezes magoa. Então já te peço desculpas antecipadas por quando minha sinceridade machucar você. Porque por mais que eu tente ( e tentarei com todas as forças), um dia vou acabar magoando você. E pode ter certeza, que eu vou errar tentando acertar, sempre.
Voltando ao assunto. Pra ser sincera eu nunca imaginei que seria uma boa mãe. Aliás, nunca me imaginei muito como mãe. Embora você tenha sido planejado e muito desejado,  eu me sentia insegura de como exerceria a maternidade. Mas isso mudou no exato instante em que te olhei pela primeira vez. Depois de 15 horas de trabalho de parto ( ou 18, já não lembro mais), vi você ainda com a cabeça meio amassada, sujinho daquela cera branca, senti seu peso no meu peito, e soube que eu seria a melhor mãe que poderia ser.
Você é minha maior aventura.  E apesar de eu reclamar um pouquinho do que deixei de fazer depois que você nasceu ( outra coisa filho, sou reclamona pra caramba, sorry about that), faço tudo sem esforço. Por você, meu príncipe, vale tudo. Cada risada solta, cada cheirinho no cangote, cada beijo espontâneo, ultrapassam mil vezes os perrengues de ser mãe. E não vou mentir, ser mãe não é fácil. Cansa, esgota, exaure. Mas ser SUA mãe, faz toda a diferença.
Eu achei que fosse te ensinar a ver o mundo. Mas a verdade é que sou eu que aprendo contigo o tempo todo. Só com você consegui verdadeiramente apreciar o instante, ser feliz naquele minuto presente, no agora,  ter vontade de congelar o planeta só pra ficar te vendo correr atrás de passarinhos ou dormir esparramado no berço. Você me ensina a ter menos pressa e só isso já é motivo pra eu te agradecer a vida toda.
Eu quero um mundo de oportunidades para você. Tudo que faço hoje é por você. Sou capaz de tudo, matar e morrer, e não estou exagerando.  E sabe o que quero em troca? Absolutamente  nada. Ou quase. Quero mesmo, apenas, que você seja muito feliz.
Por isso meu filho, tente entender se eu ficar chateada no dia em que você me pedir pra não pegar mais na sua mão, ou quando você revirar os olhos por eu dizer algo que você ache antiquado.  E entenda também se eu ficar muito irritada quando partirem seu coração pela primeira vez.  É muito amor, Gael. É amor além do entendimento.  É amor pra toda vida.
Pra encerrar, vou repetir o que te digo sempre, mas acho bom deixar registrado por escrito. Você pode contar comigo para tudo. Estarei sempre ao seu lado, sempre.  Porque não há nada que possa fazer eu deixar de te amar. Entendeu? Que Deus te proteja meu amor.
Feliz Aniversário,
Beijos
Mamãe

* Post originalmente escrito em março de 2011

Moms just wanna have fun?

Eu já fui da balada no sentido mais positivo que essa constatação possa ter. Curtia sair, dançar até os pés doerem, me arrumar, ficar bêbada alegre ( ou não beber e ficar alegre também), esticar a noite até o dia seguinte. Muitas vezes fui uma das últimas a ir embora, eu era realmente muito animada. Mas tudo muda o tempo todo, como já cansamos de dizer aqui.
E quem tem filhos pequenos sabe o quanto é difícil pegar uma balada. Pra não dizer impossível. Então, quando surge uma oportunidade, a gente se joga mesmo com toda empolgação do mundo. Sábado foi aniversário de 30 anos da minha comadre e ela resolveu comemorar com uma festa anos 80. A última vez que fui a um evento temático eu tinha 20 anos, portanto adorei a ideia. Estávamos precisando de um tempo para nós, sem pensar em filho, apenas nos divertindo e bebendo. Era hora de eu deixar meu lado mãe guardado na gaveta e voltar a ser aparty girl, só por algumas horas.
Quem lê esse blog com freqüência já sabe que quando eu era criança adorava me fantasiar de Madonna no filme Procura-se Susan desesperadamente. Adivinha com qual roupa eu fui à festinha? Até meu marido, que odeia essas coisas, entrou no clima. Então me dediquei à escolha da roupa da festa como se fosse noiva para um casamento. Me maquiei como há tempos não fazia e cometi a ousadia de colocar uma botinha de salto alto (depois que virei mãe aposentei os saltos, já que correr atrás de filho espoleta requer agilidade e conforto, daí é rápido pra desacostumar a se equilibrar neles). Consegui a melhor baby sitter do mundo, minha mãe! Deixe-a colocar o Gael para dormir e parti, com um apertinho no coração, pois ele estava um pouco doente. Mas minha mãe cuidou bem de mim, vai saber cuidar dele também – afirmei mentalmente pra me livrar da culpa.
Já a caminho da festa senti meu estômago embrulhar. Exatamente na hora em que eu me decidia a tomar litros e litros de vodka. Eu estava psicologicamente preparada para um porre. Mas senti que aquilo havia sido um aviso pra eu pegar leve e ficar na cerveja. Obedeci, não discuto muito com meu sexto sentido. Quando cheguei à festa, percebi que eu talvez tivesse sido a única que conseguira uma baby sitter de última hora. Estavam todos meus amigos com os filhotes no colo ou correndo pelas mesas. Segurei dois nenês por um bom tempo, corri atrás da minha afilhada algumas vezes e quando cansei, decidi que estava na hora de entrar no clima party e beber. Depois de umas quatro cervejas, meu pé começou a doer de modo insuportável (maldito salto) e resolvi sentar. Até porque, vamos combinar que cerveja não é a bebida mais empolgante do mundo né? Cerveja é boa pra tomar sentada em bar e não dançando em festa, mas enfim. RPM começou a tocar, procurei meu marido pra dançar ( não que ele dance, mas ao menos me faz companhia) e o encontrei brincando com uma bebezinha linda, que ensaiava os primeiros passos. Ela era a coisa mais fofa do mundo, admito, ainda assim dei aquele olhar “hoje não” pra ele, mas não funcionou. Fui descaradamente trocada por uma mulher mais nova. Mas eu ainda estava decidida a deixar meu lado mãe engavetado, certo? Mesmo sozinha.
Peguei a quinta cerveja e me aproximei de uma rodinha de mulheres. Passados alguns minutos, estávamos discutindo alegremente qual o melhor momento para se ter um segundo filho e as dificuldades de fazer uma criança dormir á noite toda. Nesta hora percebi que a sexta cerveja não ia descer redonda e que se eu tivesse um pouco de sorte e determinação conseguiria ir embora calçando as botas (e não descalça como eu desesperadamente gostaria). As crianças já tinham ido embora, junto com minha animação e arrastei meu marido porta afora. Deu saudade do meu filho.
Ao chegar em casa, sóbria graças a Deus, dou de cara com minha mãe de pé. Gael tinha acordado assustado e ensopado de suor e ficou me chamando por horas. Só voltou a dormir na cama com eles. Joguei as botas na sala, arranquei a roupa e os apetrechos todos com mais rapidez que adolescente na primeira vez e voei para acudir meu pequeno. Dormimos juntinhos.
Resumo da ópera: difícil retomar o caminho do pé na jaca quando se tem filhos pequenos. E impossível deixar o lado mãe dentro da gaveta, pelo menos por enquanto.

Já inauguramos nossa primeira clínica no Brasil! Ficamos em São Paulo, na  Av. Macuco 726, em Moema!!

Estamos à disposição para tirar dúvidas daqueles que estejam interessados em conhecer detalhes sobre esse tratamento revolucionário que vem ajudando milhares de homens e mulheres afetados pela calvície.


* Post originalmente escrito em novembro de 2010

Eu não nasci para ser mãe


Nunca entendi direito o conceito “nascer para ser mãe”. Embora eu tenha amigas que afirmem isso categoricamente e outras que nem precisam dizer, pois está escrito em cada molécula de seu corpo. Mas comigo é diferente, nunca tive esse espírito maternal.
Não tenho lembrança de ter tido nenhuma boneca-bebê, não gostava de brincar de mamãe e filhinha e etc. Meu negócio eram Barbies descoladas, solteiras e sempre muito apaixonadas – mas sem filhos. Minhas historinhas nunca acabavam com “e eles casaram e tiveram muitos filhos”.
Ao contrário do meu marido, cujo maior sonho sempre foi ser pai, ter filhos para mim foi  uma conseqüência natural da vida e nunca um objetivo em si. E foi assim, naturalmente, que decidi (mos) engravidar. Senti pela primeira vez o desejo com o nascimento de minha afilhada, mas ainda achei cedo e esperei a vontade passar. Num dia dos namorados, nasceu a filha de outros amigos e fomos visitar. Embalada pela emoção e romantismo da data, disse ao meu marido saindo do hospital: “acho que hoje a gente pode começar a tentar”. E engravidei na primeira tentativa!
Apesar de feliz, fiquei um pouco assustada. Não imaginei que aconteceria tão rápido. Eu não me sentia totalmente preparada, então li todos os livros que estavam ao meu alcance e fiz o possível para ter a gravidez e o parto mais saudáveis do mundo. Na minha cabeça, era o melhor que eu podia fazer.
E então o Gael nasceu ( depois de uma gravidez tranquilíssima e um parto normal). Agora é a hora que vocês devem estar me esperando dizer : e a maternidade foi a coisa mais linda que me aconteceu. Mas aqui não. Posso escolher uma série de adjetivos para explicar o que a maternidade significou para mim, muitos deles positivos, mas nenhum  sinônimo de lindo.
A maternidade me deixou mais responsável, consciente e presente. Por outro lado me enlouqueceu, literalmente. A turbulência hormonal me causou um baby blues bem forte (não conseguia deixar meu marido sair de casa por mais de 30 minutos). Subverteu a ordem da minha vida, alterou drasticamente a dinâmica do meu casamento, exterminou minhas noites de sono por longos 10 meses, murchou meus peitos e manchou minha pele. Foi o ano mais difícil da minha vida (somado a uma mudança de cidade e carreira). Ser mãe é tudo, menos fácil e lindo.
Mas calma! Não estou aqui querendo acabar com o seu sonho de ser mãe ( ou pai). Ao contrário, estou querendo apenas que seu sonho seja mais pautado na realidade do que no mundo de fantasias das propagandas de fraldas infantis. E olha que meus livros me alertaram muito sobre isso ( A Encantadora de Bebês – excelente e minha biblia por um ano)!
Mas se você quer saber, eu passaria por tudode novo e quantas vezes fossem necessárias para ter o Gael na minha vida. Porque simplesmente não dá nem para imaginar mais o meu mundo sem aquela vozinha chamando “mamãe” todas as manhãs. Pois apesar de agora eu dormir mal pra caramba, não existe cena mais linda do que ver meu molequinho capotado no berço, durante a madrugada. Nada me satisfaz tanto quanto sentir o cheiro de sabonete daquela curvinha do pescoço, depois do banho. Ou ver aquela carinha gostosa rindo com todos os seus 12 dentes para mim. E, sem dúvida nenhuma, posso dizer que a melhor coisa do mundo é receber dele um abraço apertado e um beijo estalado. Por mim, a vida podia congelar neste instante e eu seria feliz para sempre. Porque eu não nasci para ser mãe, eu nasci para ser a mãe do Gael!

*Post originalmente escrito em setembro de 2010