terça-feira, 10 de novembro de 2015

Meu príncipe cresceu, e agora?


Parece que foi ontem.

Nós dois passeando na praça enquanto ele corria atrás dos passarinhos e batia os pezinhos no chão de tanta alegria.  Ele indo pro nosso quarto no meio da noite, carregando travesseiro, naninha, o Pluto e o Mickey.

A sua primeira apresentação na escola, em que cantou uma música linda de dia das mães e me deu uma camiseta desenhada em hieroglifos , rs, mas que me fez chorar litros.

Aquela vez que ele pediu ao pai para comprar flores para mim. Azuis.

Quando ele ainda dormia no meu colo, porque cabia e era bom demais.

Mas não foi ontem. Isso foi anos atrás. Meu bebê cresceu. E juro, foi de um dia para o outro! Claro, há sinais, mas a gente ignora ou finge que não vê. Afinal, quem quer ver seu filho crescer?

Primeiro foi o dente que caiu sem eu nem saber que estava mole ( e agora já são 4 ). Depois veio a paixão arrebatadora pela amiguinha da escola. Nos últimos meses ele perdeu todos os sapatos. Então fui olhar seu pezinho de perto e... Epa, isso é uma chulapa!

Os desenho mudaram. Não tem mais Turma do Mickey, Backyardigans, Jake e os Piratas. Agora só quer saber de Cartoon Network e filmes, de preferência assustadores. Aliás, se tornou uma companhia incrível para ir ao cinema!

Aos finais de semana, só a família já não é assim tããão legal, quer sempre encontrar um amigo. E quando está com eles, meio que esquece que eu existo, sabe?

Me dá os recados da escola, me ajuda a lembrar de coisas que certamente sem seu aviso, eu esqueceria de fazer.  Se mede todo dia no box do banheiro e comemora o quanto sua cabeça já ultrapassou as anteninhas de ET que havíamos colado pra ele dois anos atrás.

Agora, passou a fazer seu próprio leite antes de dormir e nas três últimas noites dormiu sem sua inseparável naninha. E nem percebeu!

Meu príncipe cresceu.

Sim, nossos filhos não são realmente NOSSOS e os criamos para o mundo, não é? Mas confesso estar sentindo um apertinho no coração ao me dar conta de que não poderei protegê-lo e colocá-lo no colo para sempre. Que ele vai bater a cabeça sozinho, experimentar coisas boas e ruins e eu não poderei fazer nada para impedir. Assim é a vida de mãe!

Que Deus te acompanhe meu filho, te dê sabedoria e discernimento para enfrentar o mundão. Que a educação que temos lhe dado lhe ajude a encarar a vida com coragem e segurança.  E saiba que eu estarei SEMPRE aqui, no mesmo lugar, de braços abertos para você.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A criação com apego em prática



Eu me identifico bastante com os princípios da criação com apego, uma forma de maternagem que incentiva o afeto e o respeito à criança. O termo é usado para identificar um conjunto de ferramentas que ajudam os pais a criar vínculos com seus filhos, por meio do atendimento consistente e amoroso das necessidades do bebê. Esse é o princípio mais importante, mas a verdade é que não há regras, sobre o que pode ou não fazer.  Se você não seguiu alguns dos princípios, não significa que você será banida da comunidade e proibida de usar o termo criação com apego, rs.  A regra de ouro é:  trate seus filhos como você gostaria de ser tratado!

Eu considero que aqui em casa praticamos a criação com apego, mesmo tendo falhado miseravelmente em alguns itens. E olha que sou super autocrítica, exigente e determinada! Mas nem sempre conseguimos realizar tudo o que idealizamos. Uma das grandes lições que aprendi com a maternidade é que não temos controle sobre ela! Essa falta de controle pode enlouquecer um pouquinho os sistemáticos, como eu, mas  a partir do momento que se tem essa consciência, baixamos as expectativas e fica tudo mais fácil. Inclusive aceitar nossas falhas e limitações.

No site http://www.attachmentparenting.org/portuguese eles falam em oito princípios e vou comentar sobre cada um deles e como é aqui em casa.

Acho que esse é o que mais consegui seguir à risca. Em ambos os partos fiz o que podia para prover aos meus filhos um nascimento respeitoso e humanizado, me preparei física e emocionalmente para recebê-los.

Alimentando com Amor e Respeito ( amamentação em livre demanda e prolongada)
Tenho vontade de colocar uma carinha de choro nesse item. ( lá vem a culpa materna). Com o Gael, fiz o melhor que podia diante das informações que tinha na época. Amamentei seguindo um horário, fui meio paranoica com isso, e aos seis meses exatos, desmamei. ( desculpa filho, fiz o que pude <3)
Com o Otto eu tinha informações mais aprofundadas sobre a importância da amamentação e estava disposta a fazê-la de forma prolongada. A livre demanda só rolou na primeira semana, depois fui colocando um pouco de ordem no caos, mas de forma bem mais tranquila, respeitosa e flexível. Nunca deuxei de amamentar quando ele estava com fome. Precisei complementar e perto dos 8 meses Otto se desmamou sozinho. Mamãe ficou triste, já o filhinho nem ligou.

Confissão: Com  Gael, depois de 9 meses sem dormir uma noite inteira acabei fazendo um “método” adaptado da Encantadora de Bebês e sim, deixei ele chorar. Estive junto todo tempo, conversando com ele, mas não peguei no colo. De novo: fiz o melhor que podia com as informações que tinha. Achava que seria muito bom pra ele “ensiná-lo a dormir”. Funcionou e na época fiquei feliz. Eu realmente achava que estava fazendo a coisa certa! Mas hoje não repetiria, tanto que o Otto tem 13 meses e nunca deixei chorar nem
2 minutos. Tirando esse deslize, sempre atendi às suas necessidades físicas e emocionais, nunca neguei colo, carinho e afeto ele tem de balde. Filho meu é criado no colo e à base de beijo.
Com Otto acho que passei com louvor nesse item. Já ouvi de um milhão de pessoas, pediatra inclusa, que estou mimando meu filho. Apenas porque o carrego no colo o tempo todo e o trato com muito carinho, amor e respeito. Se isso é mimar, estou mimando sim, com muito orgulho!

Contato pele a pele, carregar o bebê em sling, shantala e muitos abraços. Ai que delícia tudo isso! Sling é vida!!!! Experimente!!!

Garantindo um Sono Seguro, Física e Emocionalmente (Cama compartilhada ou Co-sleeping.)
 Eu acho que a família deve fazer o que funcionar melhor pra todo mundo. Eu tenho sono muito leve e dormir com um bebê na cama, pra mim é igual a não dormir, portanto cama compartilhada com o pequeno não rola, além disso ele dorme muito bem sozinho no seu berço. Em noites de crise, acabo deitando com ele na cama auxiliar que fica no seu quarto ou deito lá sozinha. Só o fato de eu estar no mesmo ambiente já o acalma.
Meu mais velho (6 anos) desde que saiu do berço tem acesso livre ao nosso quarto e vive pulando na nossa cama  no meio da noite. Às vezes colocamos um colchãozinho no chão também.  Nâo tem regra! O importante é que estejam todos dormindo bem! Onde quer que seja!

Dispensa comentários.

Estou estudando e aprendendo sobre a Disciplina Positiva agora. Algumas coisas já praticávamos aqui intuitivamente, mas outras são realmente novidade e estamos mudando nossos hábitos agora, principalmente com nosso filho mais velho.  Raríssimas vezes cheguei a dar palmada no bumbum , mas dei. Também já gritei ( ainda grito, sorry). As palmadas foram abolidas, os gritos estou tentando melhorar. Não sou perfeita, mas chego lá!

Acho que temos feito isso bem. Claro que há momentos de acúmulo de trabalho, noites maldormidas que resultam em pais exauridos, mas em geral estamos em equilíbrio sim.

É isso. E você, como é na sua casa?

* Disciplina positiva é uma filosofia abrangente, que ajuda uma criança a desenvolver uma consciência guiada por sua própria disciplina e compaixão em relação aos outros. A disciplina que é empática, amorosa e respeitosa fortalece a conexão entre os pais e seus filhos, enquanto que a disciplina dura ou que abusa na punição enfraquece esta conexão. O objetivo final é ajudar a criança a desenvolver o autocontrole e a autodisciplina.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Parabéns meu pequeno guerreiro


Otto meu amor,

Hoje você completa um aninho. Quantas coisas já vivemos nesse tempo! Você nasceu com uma força e uma bravura incontestáveis. Superou os  pequenos obstáculos que a vida lhe impôs com doçura e bom humor. E como me ensinou nesse processo! Com você aprendi, ainda mais, a dar valor ao que realmente importa, a ser grata pelo que temos e a crer que Deus tem um propósito para todas as coisas. Você me ensina , diariamente, sobre mim mesma. Aprendi a ser uma mãe mais flexível, mais doce, mais intuitiva. Me tornei especialista em pé torto congênito, em alergia à proteína do leite e me especializarei em quantas coisas forem necessárias para te fazer mais feliz.
Vou te contar um segredo: quando fiquei grávida de você eu tive medo de não ser capaz de amá-lo na mesma intensidade que amo seu irmão. Mas bastou aquele ultrassom fatídico que te diagnosticou com PTC, para emergir em mim todo o amor do mundo. Foi como se você  tivesse nascido e eu já tivesse visto sua carinha pela primeira vez. Meu coração duplicou de tamanho e naquele instante eu soube que nossa capacidade de amar é infinita. Sendo assim, quando você nasceu, no parto dos nossos sonhos ( pois acredito que esse sonho era seu também), nosso primeiro olhar foi, na verdade, um reencontro. Um reconhecimento entre duas almas. Uma confirmação daquele amor que já pulsava tão intensamente dentro de mim .
Sua chegada  completou nossa família, nos tornou mais fortes, unidos e felizes. Sua vida é uma benção que nos ilumina. Nossos dias são mais alegres com suas sapequices e sua braveza. Ver você e seu irmão brincando juntos enche o coração da mamãe de amor, é uma das melhores coisas da minha vida! Eu sempre farei tudo que puder para que você fique bem e seja feliz. Esses são meus objetivos! Mas, às vezes, vou errar no meio do caminho, e te peço desculpas antecipadas por isso. Logo você vai perceber que a mamãe não é perfeita, mas espero que também seja capaz de perceber que faço o meu melhor sempre.
Meu gordinho, meu chicletinho, meu caçulinha, meu gulosinho. Como é gostoso chamegar com você! Como é gratificante acordar e ver seu rostinho sorridente olhando para mim. Parabéns por ser meu guerreiro e enfrentar as adversidades com tanta facilidade. Você me inspira e eu tenho muito orgulho de você!
Feliz Aniversário e muito obrigada por me escolher para ser sua mãe. Eu te amo do tamanho do universo!
Beijos,
Mamãe

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Trocando o R pelo L

O Gael, hoje com seis anos, sempre falou estilo Cebolinha. Além disso, puxava o s, como se fosse carioca. Confesso que achava a coisa mais fofa desse mundo e demorei a pensar que pudesse haver algo errado nisso. Entretanto, quando ele fez 4 anos, conversei com uma amiga fonoaudióloga que me disse o seguinte: isso é normal até a criança fazer 5/6  anos. Caso até lá ele não passe a falar corretamente, é importante procurar ajuda profissional antes da alfabetização, para que isso não atrapalhe o processo.  Fiquei tranquila, esperando que naturalmente ele passasse a falar o R.

O fato é que quando Gael tinha 5 anos e meio, ele continuava falando Homem-Alanha e a alfabetização na escola estava prestes a começar. Era a hora de buscarmos ajuda! Me indicaram uma fono e lá fomos nós. Depois de algumas sessões comecei a achar esquisito o fato dela praticamente não mandar exercícios pra casa. Os meses foram passando e a única mudança que houve é que, quando chamado atenção, ele corrigia o R como se fosse um gringo falando português. Resolvemos então procurar outra profissional e... Quanta diferença! Desde a primeira sessão notei grande evolução. Ele trazia exercícios para casa, que trabalhavam a postura da língua e dos lábios, e os fazíamos juntos, duas a três vezes todos os dias. Foi beeeeeeeeem trabalhoso, exigiu esforço e dedicação. Mas me deu tanto orgulho! Muitas vezes meu pequeno mesmo me lembrava: “mamãe ainda não fizemos os exercícios”.

Enfim, depois de 7 meses de terapia correta e com uma profissional capacitada, meu grande amor está com a fala perfeita. E morrendo de orgulho de si mesmo pelo feito. Dá gosto de ver e o peito enche com uma alegria que só mães entendem, quando suas crias superam algum obstáculo.


Parabéns Gael! A mamãe morre de orgulho de você!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Meu filho tem APLV, e agora?

Esse leitinho pode!

Quando aos 3 meses, um amiga nutricionista expert em APLV me sugeriu que talvez a irritação do Otto pra mamar pudesse ser alergia à proteína do leite de vaca, minha primeira reação foi pensar: tá louca? Ele já nasceu com PTC, não vai vir com mais nenhum problema não, rs. Como se houvesse uma caderneta contabilizando quantos problemas, alergias, doenças, cada indivíduo poderá ter nessa vida. Seria ótimo, eu sei, mas não foi assim.
O fato é que desde os dois meses o Otto dava muito trabalho pra mamar. Chorava no meio das mamadas, chorava um pouco depois e parou de engordar. A pediatra suspeitou que meu leite estivesse secando e indicou complementação com um leite chamado Enfamil Gentlease ( a proteína do leite é parcialmente hidrolisada e minimiza reações alérgicas), a muito contragosto acabei cedendo e por um bom tempo pareceu ser a decisão acertada. Ele voltou a ganhar peso e reclamava menos nas mamadas. Mas arrotava e gorfava bastante. Fui diminuindo a complementação e consegui mantê- lo no peito até chegar perto dos 8 meses, quando ele começou a recusar sistematicamente meu seio e "pedir" a mamadeira.
Com o desmame e a introdução de uma fórmula comum, ele passou a vomitar várias vezes por dia, um vômito ácido, que chegou a desbotar o tapete de e.v.a. Um dia contei 10 vômitos entre as 5 e as 8 da noite. Bateu aquele desespero. A médica indicou o uso de Label, mas depois de uma semana ele ainda não havia apresentado melhora alguma. Foi então que lembrei da minha amiga linda e especialista Renata Pinotti e bingo! Tudo indicava que ele realmente tinha alergia à proteína do leite de vaca. Começamos a dieta de exclusão do leite: trocamos a fórmula pelo Neocate ( fórmula feita a partir de aminoácidos) e tiramos da alimentação tudo que tivesse leite e traços de leite .
Essa é a parte mais complicada. Até termos o diagnóstico comprovado, era necessário excluir 100% qualquer possibilidade de contato com o leite, isso incluíam os traços. Os traços de leite são, na maioria das vezes, uma “contaminação” do produto, que passou por uma máquina onde foram fabricados produtos com leite ou derivados. Assim, eles acabam adquirindo quantidades mínimas desses ingredientes durante a fabricação. Para garantir que não houvesse essa contaminação também trocamos as mamadeiras, o copo do liquidificador e a bucha de lavar a louça dele. Haja cuidado, paciência e perseverança nessa fase! Fomos então para uma gastro, que nos deu o laudo para conseguir o leite do governo e receitou a dupla de combate ao refluxo: label + domperidona. Resultado: em duas semanas o Otto parou de vomitar e arrotar! Alergia confirmada, bora se informar e conhecer tudo sobre a tal APLV ( Alergia à Proteína do Leite de Vaca). Li o livro Guia do Bebê e da criança com alergia ao leite de vaca, entrei em duzentos fóruns e blogs sobre o tema. É sempre um alento para mães desesperadas saber de histórias de sucesso e compartilhar informações.
Passado pouco mais de um mês pedi para a nutricionista me liberar para testar se ele realmente reagia aos traços de leite. Voltei a dar "leite" nas mamadeiras de antes e até arrisquei alguns alimentos que continham traços, como o pão francês. E graças a Deus ele não reagiu!
Parece um bicho de sete cabeças, mas na verdade é muito simples. Especialmente para bebês que ainda estão no início da introdução alimentar e ainda não comeram a maioria dos derivados de leite ( queijos, danones, etc) e, portanto, não sentirão falta deles. Um das coisas que aprendi com minha nutricionista fofa, foi a importância dos pais estarem seguros do que estão fazendo. Quando há dúvidas em relação à dieta, e etc, o bebê capta essa insegurança e fica tudo mais difícil.
Otto agora tem 11 meses e começou a comer a comida da família, então iniciamos um novo desafio. Garantir que ele coma comida normal, sem ingerir leite. Já houve alguns incidentes (como comer curau e couve na manteiga) e as reações voltaram com tudo. Só aí me conscientizei 100% dos cuidados que devo ter com a alimentação dele. 

- Melhor levar sempre a marmitinha dele em qualquer situação, pois a imensa maioria das pessoas não têm a dimensão do que é essa alergia, acabam omitindo ( sem perceber) ter colocado um ingrediente que continha leite na fabricação do alimento.
- Sempre avisar as pessoas que estão com ele sobre a alergia e a importância de não oferecer nenhum alimento sem seu conhecimento, mesmo que isso faça você parecer mal educada ( e como o povo oferece, é impressionante como as pessoas acham "legal" alimentar um bebê alheio)
- Perder a preguiça de cozinhar
- Aprender receitas novas que não usam leite ou usam substitutos como o leite de arroz
-Não ficar triste pelas coisas que seu filho não pode comer, mas ficar alegre pois sua alimentação será super saudável. O que realmente importa, ele pode comer! ( frutas, legumes, verduras, carnes)
- Confiar e agradecer, e se manter calma, pois a alergia tem cura. A maioria das crianças até os 3 anos já desenvolve tolerância

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Afinal, o que é parto humanizado?

Quando falamos em parto humanizado, as pessoas logo imaginam uma mulher parindo na banheira de sua casa, à meia luz. Como se fosse um "tipo de parto", quando na verdade é um processo. Parir na banheira e em casa é apenas uma das formas de se ter um parto humanizado. Como o próprio nome já diz, a humanização do parto visa proporcionar a mãe a ao bebê um nascimento mais humano e respeitoso, no qual a mulher participa de forma ativa e como protagonista, com respeito à fisiologia de seu corpo. Não há um " protocolo" a seguir, mas em linhas gerais, em um parto humanizado:
- a mulher tem direito a acompanhante
- não há intervenções ( episiotomia, enema, manobra ou uso de ocitocina sintética)
- a mãe é livre para se alimentar e se movimentar durante o trabalho de parto
- o bebê é colocado diretamente no colo da mãe, antes mesmo de cortar o cordão umbilical, para criação do vínculo
- estímulo à amaentação nas primeiras horas de vida
- alojamento conjunto de mãe e bebê
- sem aspiração de vias aéreas no RN
- procedimentos feitos no bebê ( pesar, medir, etc) após no mínimo uma hora

Como vocês podem perceber, a maior parte desses itens podem ser realizadas em partos hospitalares e cesáreas. Então, vamos todas (os) abraçar essa causa?

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Porque a alimentação dos meus filhos é prioridade para mim

Frequentemente sou chamada de chata por ser cuidadosa com a alimentação dos meus filhos e ir na contramão dos hábitos alimentares da sociedade. Acham exagero, radicalismo. E eu sou bem menos xiita do que gostaria, pois meu mais velho, infelizmente, já toma algumas decisões em relação ao que quer comer que são difíceis de contornar ou evitar . E também porque falta apoio, da sociedade, da escola e até mesmo da família. E eles são bombardeados por todos os lados com comida artificial, colorida, industrializada e com caloria vazia. Eu recuso, jogo fora, escondo sempre que posso, mas não o tanto quando gostaria. Minha meta? Que eles não comam nada que não seja ALIMENTO.
Acredito que os pais devam ser conscientes e responsáveis quando o assunto é a alimentação de seus filhos.  Devem incentivá-los a consumir vegetais, frutas, legumes e cereais. Ao invés de facilitar o acesso a comida industrializada,  ençucarada e cheia de gordura ( gordura ruim). Por que? Porque isso faz mal a saúde, oras. E ao meio ambiente.
Eu me importo com a saúde física e mental dos meus filhos e acredito que a alimentação esteja intimamente ligada a elas. Portanto, presto atenção e cuido do que eles comem. Para mim, bolacha recheada, salgadinhos, sucos industrializados, molhos prontos, balas e refrigerantes não são alimentos e sim PRODUTOS disfarçados de alimentos. E eu não quero que meus filhos simplesmente comam, quero que eles se alimentem.
E qual a diferença entre alimentar-se e comer?
alimentar1
a.li.men.tar1
(alimento+ar2vtd e vpr 1 Dar alimento a, nutrir(-se), sustentar(-se)
comer 
co.mer 
(lat comederevtd 1 Mastigar e engolir; 


Quando passarmos, todos, a enxergar a a alimentação saudável como garantia de qualidade de vida, saúde e respeito ao meio ambiente, conseguiremos construir um futuro melhor. Assim eu creio!




sexta-feira, 22 de maio de 2015

Ansiedade da separação. Quem nunca?


Você já ouviu falar sobre a angústia ou ansiedade da separação? Ela é uma etapa normal ( e bastante comum) no desenvolvimento emocional infantil que acontece por volta dos 7 a 9 meses. O bebê passa a se dar conta de que ele é um indivíduo separado da mãe e essa descoberta  pode trazer muito medo e angústia pra criança. Resultado? Ele pode passar a estranhar e chorar muito na ausência da mãe, que é sua base segura, aquela que traz o sentimento de segurança e alívio para as ansiedades infantis. É natural que um bebê indefeso fique chateado por ter sido separado da pessoa que protege e cuida dele. Falando assim parece fácil né? Mas só que tem um filho que sentiu intensamente essa angústia sabe o quanto pode ser complicado enfrentar essa fase.


O Gael, meu mais velho, é tão sociável e expansivo que nem sentiu essa ansiedade. Pelo menos não que eu me lembre. Com ele eu tinha que tomar cuidado pra alguém não levá-lo embora no primeiro sorriso. Já o Otto, chicletinho e 9 meses recém completados, tem dado sinais de angústia há algum tempo. Antes era durante o dia, ninguém podia pegá-lo no colo, além de mim, do pai e de sua cuidadora. Nem as vovós escapavam da gritaria. Essa fase já melhorou. Agora o problema é  à noite. Ninguém, além de mim, consegue colocá-lo pra dormir ou confortá-lo no meio da noite. Ou melhor, até consegue, mas depois de muiiiiito choro.  

Não está sendo fácil ( diria nossa amiga Kátia Cega)... E embora eu tenha consciência de que é só uma fase, meus dias ( e noites) estão tensos, meu emocional abalado e meu humor ( que humor?????) afetado. A sensação de que NINGUÉM pode te ajudar ou substituir ( momentaneamente que seja) é um tanto quanto sufocante. Tenho lido muito sobre o tema e ler relatos de mães que já venceram essa etapa traz conforto e esperança. E enquanto meu dia de escrever esse relato não chega, vou repetindo o mantra das mães: “ vai passar, vai passar”.


*licença poética : a foto é do meu mais velho, mas a situação relatada é do meu mais
novo

terça-feira, 12 de maio de 2015

Existe achocolatado saudável?


Desde a adolescência me preocupei em ter uma alimentação saudável. Quando engravidei isso ficou mais latente e de uns anos para cá virou prioridade total na minha vida e, consequentemente, na dos meus filhos.  Pesquiso, leio, consulto e me informo bastante. Tanto que hoje já não faço com o caçula várias coisas que fiz com meu mais velho.

Quando Gael completou três anos caí na bobeira ( e na pressão social) de colocar achocolatado no leite dele. Ele já amava o leitinho puro, não tinha a menor necessidade, mas acabei cedendo ( mea culpa mea máxima culpa) e claro que ele amou. Quem não gosta? Até hoje, aos seis anos, ele toma bastante leite e sempre com chocolate. Um tempo atrás eu olhei no rótulo do Nescau e quase caí para trás. Tem muiiiito mais açúcar do que chocolate ( cacau), se eu não me engano 80% do produto é açúcar! Deveriam mudar o nome de achocolatado em pó, para açucarado né? Pesquisei todas as marcas e encontrei praticamente o mesmo resultado. Então passei a procurar um "achocolatado com menos açúcar" e adivinhem? Não encontrei ( tirando as opções diet e light, que não servem para criança).

Foi então que descobri o cacau puro em pó, (uso o da Mãe Terra e amo) entretanto o gosto é amargo e mesmo adoçando com mel ou açúcar demerara, fica bem diferente do tradicional chocolate e meu filho detestou. Quebrei a cabeça por dias e resolvi fazer um teste, misturei um pouco de cacau ao nescau e ele nem notou. Pouco a pouco fui aumentando a dose do cacau e hoje estamos quase 50% cacau/ 50% nescau.  Resultado: meu filho continuou a se deliciar com seu leitinho e eu me sinto muito mais tranquila em saber que agora sim ele ingere  cacau e não só açúcar. Todo mundo feliz!

quinta-feira, 7 de maio de 2015

A maternidade com o segundo filho


A máxima " não existem dois filhos iguais" é totalmente verdadeira, mas eu acrescentaria "assim como a mesma mãe não é do mesmo jeito para os seus filhos". Pois é, uma das minhas maiores surpresas nesse processo doido de ter o segundo filho, foi constatar como eu mudei ( e continuo mudando) a forma de maternar. Definitivamente não sou hoje a mesma mãe que fui um tempo atrás.


Com o nascimento do Gael eu me apoiei muito nas teorias. Eu precisava desse alicerce, eu não me sentia segura o suficiente para apenas ouvir o meu coração. Eu queria fazer o que já havia sido testado e abalizado, aquilo que era certo ( haha como se isso existisse) e o que funcionava. Então eu segui a Encantadora de Bebês como uma bíblia. Eu li, reli, grifei. Cada mudança de fase, cada salto de desenvolvimento eu corria pra ler o que fazer. E deu certo. Foi a forma que encontrei de tentar prever o imprevisível, e assim ter a sensação, mesmo que falsa, de que eu tinha o controle da situação. Talvez eu tivesse sofrido menos se naquele momento eu já soubesse que na maternidade não podemos controlar nada. Que as crianças são diferentes, que não dá pra prever tudo e que há momentos em que só mesmo a mãe pode entender o que está acontecendo com seu próprio filho.

Cinco anos depois, com o Otto, mais madura e depois de um parto incrível, eu finalmente me conectei com meu sagrado feminino e minha intuição. Mas eu ainda sou EU ( sistemática e control freak), então ele também tem uma rotina ( não consigo me imaginar sem) e ela funciona muito bem, entretanto atualmente sou mais flexível e menos refém de minhas crenças. Li outros livros, conheci outras teorias, concordei e discordei de várias delas, mas hoje não sigo nada que não me venha do coração. Sexto sentido de mãe é tão valioso!

O fato é que aprendi a curtir mais os pequenos momentos. Então a cada noite que vou colocá-lo para dormir, eu o nino em meu colo e aspiro seu perfume de bebê por muito mais tempo do que seria necessário para fazê-lo dormir. Porque eu sei que essa fase passa muito rápido e vou sentir falta dela. Então eu o seguro até que ele durma, e fico olhando sua expressão de paz e nutrindo meu coração com tanto amor que parece que vai arrebentar. 

E nos momentos de mini pânico ( sim, eles ainda existem, como semana passada quando os dentes nasceram, a ansiedade de separação estava no auge e a herpangina o atacou), eu tento respirar fundo e ao invés de surtar, tomar consciência de que isso vai passar. Afinal, basta ir para o quarto ao lado e deparar com aquele menino imenso de seis anos que meu Gael se tornou quase sem que eu percebesse. A vida passa rápido demais. No segundo filho o medo dá lugar a  autoconfiança e a certeza de ser capaz de enfrentar essa missão. 

Me sinto hoje uma mãe com mais consciência de minha presença. Quando estou com eles, realmente estou! Não estou mais contando os minutos para o dia acabar e ele dormir, e o medo não me assombra mais. Não tenho mais os fantasmas que me rodeavam no primeiro filho. A minha vida já mudou e virou de cabeça para baixo há 6 anos, a mudança mais visceral, de "perder" minha liberdade e direito de ir e vir, já ocorreu seis anos atrás, agora me acostumei com essa rotina pacata e familiar. E gosto dela. Além disso, sei que daqui uns anos isso vai mudar de novo. Nada é para sempre. Bebês crescem, crianças viram adolescentes e por aí vai.

Se perguntarem o que é mais difícil de ser mãe de dois, responderei que é conseguir gerenciar os dois com a mesma qualidade de tempo e atenção. Nas primeiras semanas chorei muito porque, quando finalmente acabava a função de mãe de RN, o mais velho já tinha dormido. E eu me sentia falhando, impotente, além de estar sentindo muita falta de passar um tempo com meu primeiro príncipe. Imagine então o que ele não estava sentindo!? Com o passar dos dias tudo vai se ajeitando, mas sempre haverá essa impressão de que está faltando com um ou uma vontade imensa de se dividir em duas. A sensação é de que não há horas suficientes no dia para dar conta de tudo. Um filho só é "portátil", você leva ele pra onde quiser, festa, bar, casa da vó. Com dois, tudo precisa ser cuidadosamente planejado, combinado, ensaiado. E as tralhas? Haja porta-malas!

Ter dois filho cansa? Muito! Dá trabalho? Dá! Mas você já ouviu alguém dizendo que se arrependeu de ter tido mais um filho? Eu nunca. Porque filhos são presentes de Deus que chegam a nossas vidas para nos ensinar sobre o mundo e, principalmente, sobre nós mesmos!

E agora, vai um segundo ( ou terceiro) filho aí?

terça-feira, 14 de abril de 2015

Você já leu para o seu filho hoje?

Você tem o hábito de ler para o seu filho? Se não tem, esse post vai te dar alguns motivos para começar com essa rotina hoje mesmo! Pesquisas mostram que a criança que tem contato com a literatura desde cedo, principalmente se for com a ajuda dos pais, é beneficiada em diversos sentidos, entre eles maior facilidade de comunicação e aprendizado. Ou seja, quem é acostumado à leitura desde bebê  se torna muito mais preparado para os estudos, para o trabalho e para a vida. Em outras palavras, o contato com os livros pode mudar o futuro dos seus filhos. Parece exagero, eu sei, mas não é. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Fundação Nacional de Leitura Infantil  afirma que, para a criança de 0 a 5 anos, cada ano ouvindo historinhas e folheando livros equivale a 50 mil dólares a mais na sua futura renda. A leitura estimula a imaginação, aguça a curiosidade, aumenta o vocabulário  e ajuda no desenvolvimento da linguagem, tanto escrita quanto oral. Além disso, quanto mais cedo se começa ler maiores são as chances de se tornar um leitor assíduo!
Se nada disso ainda te convenceu, então vou usar o último ( e melhor) argumento: é uma ótima e imperdível oportunidade de  passar tempo de qualidade com seu filho. Sem que ele esteja pulando de um sofá para o outro, fazendo manha ou correndo por aí ( o que aqui em casa é bem frequente). É um dos poucos momentos de quietude que passo com meu mais velho ( 6 anos), é uma delícia ficar abraçadinha com ele ao meu lado, todo concentrado. Volto a ser criança fazendo as entonações das personagens e  me divirto junto com ele.Aqui em casa introduzimos a leitura quando o Gael tinha  pouco mais de um ano e sempre antes de dormir.  Virou parte da rotina e hoje quando vamos para a cama ele já escolhe o livro sozinho. Uma  dica bacana é deixar os livros ao alcance das mãos das crianças, para que elas possam explorá-los sozinhas!Confesso que há dias em que estou morta de cansaço e acabo pulando a leitura  ( prometo no dia seguinte ler duas histórias – e  nem sempre cumpro – me julguem), mas em geral fazemos isso todas as noites e é realmente muito legal. Acho importante que eu também tenha prazer com essa atividade e não faça somente como uma obrigação. Crianças sentem a energia que colocamos nas coisas, então se for pra fazer com má vontade, melhor não fazer e deixar para outro dia!Ainda não comecei com o Otto, que vai fazer oito meses, mas já estou começando a pensar em fazê-lo. Uma ideia legal é colocar o mais velho ( que está sendo alfabetizado) para ler histórias para o caçula. Estou só esperando o Gael  aprender a ler direitinho pra colocar isso em prática. Acho que vai ser emocionante! 

Chá de Bençãos


Você sabe o que é um Chá de Bençãos? É uma "alternativa" ao Chá de Bebê. A grande e principal diferença é que no chá de bençãos o foco principal é a mãe! Além de não haver preocupação com presentes, decoração, menu ou lembrancinhas ( o que para muitas mamães é um alívio).
Como funciona?
As amigas mais próximas se encontram para oferecer energia positiva, boas vibrações e bençãos para a grávida ( e o bebê, claro)! As mulheres se reúnem em uma roda para paparicar a grávida, fazendo massagens, escalda pés, meditação ou oração. Trocam experiências sobre parto, cantam e, ao final, oferecem uma benção. Não há regras e nem protocolo. O que acaba rolando é uma reunião de amigas que" resgatam" o sagrado feminino e enchem a grávida e seu bebê de amor e afeto! É uma experiência muito emocionante e inesquecível, tanto pra quem recebe como pra quem participa. A troca de energia é intensa e faz um bem danado para todo mundo. Eu tive a sorte de ter dois, um na cidade que moro e outro na cidade onde cresci. Fui cercada de amor e carinho pelas melhores amigas do mundo e meu caçula consequentemente recebeu toda essa vibração de amor.  O encontro acaba sendo mais leve e mais gostoso do que um chá de bebês cheio de pompa e circunstância e combinou muito mais comigo e com meu estilo de maternagem. Amei tanto que gostaria de disseminar a ideia. 

Que tal experimentar?





quarta-feira, 1 de abril de 2015

Os pezinhos que mudaram nossas vidas


Era um dia de abril e pela primeira vez meu marido não me acompanharia no ultrassom de nosso segundo filho. Seria o exame morfológico, aquele que avalia as medidas de todos os órgãos, eu estava bem tranquila e acabei não fazendo tanta força pra que ele fosse comigo. No segundo filho a gente relaxa.
Quando o exame começou, percebi um pouco de ansiedade. Afinal, o maior medo de toda mãe ( e pai) é que seu filho não seja perfeito. Essa ansiedade desapareceu assim que avistei suas mãozinhas.  1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10; contei mentalmente seus dedinhos. Ufa. Depois o médico avaliou cada orgão, tudo ok e passou para as perninhas e pezinhos. Lá vou eu de novo 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10; Ufa! Todos os dedinhos estavam ali. Minucioso, o doutor se prolongou um pouco naquela região, disse que estava com dificuldade para visualizar os pés. Acabei me distraindo e quando voltei ao mundo, quase dez minutos já haviam se passado, e só então me toquei que algo de errado devia estar acontecendo. Senti meu coração quase saindo pela boca e amaldiçoei o momento em que resolvi ser “independente” e liberei meu marido deste ultrassom. Olhei o médico nos olhos. Ele parecia seguro do que ia me dizer, embora um pouco cuidadoso. –  O bebê apresenta uma curvatura anormal dos pés, tudo indica que seu filho tem Pé Torto Congênito.
Meu mundo acabou. Faltou fôlego e forças nas pernas. O médico continuava falando, mas era como nos desenhos do Snoopy quando o Charlie Brown só ouvia a professora dizendo bla bla bla bla bla bla. As lágrimas escorriam pelos meus olhos e eu queria sair dali correndo. Apenas escutei o médico dizer,” tem tratamento, é só fazer uma cirurgia e vai ficar tudo bem”.  Como assim fazer cirurgia? Levantei da cadeira quase cambaleando, os olhos embaçados e saí do laboratório transtornada. Só consegui ligar para o Juliano e chorar muito. Ele assustou coitado, achou que eu tivesse perdido o bebê. Então quando eu disse que nosso filhinho nasceria com um problema nos pés, ele acabou sentindo certo  alívio. No caminho até nossa casa fui dirigindo, quer dizer, acho que meu anjo da guarda assumiu o controle. Eu chorava, urrava, gritava e tentava acessar a internet do celular pra entender o que era esse PTC ( Pé Torto Congênito). As primeiras fotos que apareceram foram tão aterrorizantes que só me fizeram chorar mais. Eu estava devastada. Cheguei em casa, abracei meu marido e choramos juntos o luto de nosso filho idealizado; para logo abraçar a ideia do nosso filho “real” e muito amado.
Passado esse tremendo susto inicial, dediquei meus dias para pesquisar sobre o assunto e o tratamento. Encontrei alguns sites, blogs e grupos de mães de filhos com PTC. E ao ler um dos blogs, acabei encontrando o contato daquele que seria seu médico ( Dr Jose Volpon, professor da USP) e o tipo de tratamento que iríamos seguir: o método Ponseti. Ler aqueles relatos encorajadores e ver as fotos dos pequenos guerreiros sorridentes e com os pezinhos perfeitos foram um bálsamo para minha alma. Eu enfrentaria o que estivesse pela frente! Ou seja, seis trocas de gessos ( do pé até a coxa), uma cirurgia para alongamento de tendão ( tenotomia) e aproximadamente 4 anos de órtese.
Levei algumas semanas para digerir a notícia. Foram dias sombrios, de muito medo e insegurança. Mas o conhecimento mais profundo do assunto e a certeza de que Deus sabe o que faz foram, pouco a pouco, me trazendo paz. Eu só pensava que o bebê precisava da minha calma para se desenvolver bem e que de nada adiantaria eu me desesperar. Em momento algum senti revolta ou questionei o porquê. Aceitei logo o desafio que me foi imposto e realmente enxerguei nele uma oportunidade de fortalecer nossa família. E foi realmente o que aconteceu! O restante da gravidez foi tranquilo e aproveitei esse tempo para estudar sobre o PTC e conversar com o médico.
O dia do nascimento foi mágico ( conforme relatei aqui:https://tresnortes.wordpress.com/2014/09/16/relato-do-meu-parto-fabiana-e-otto/) e todo e qualquer medo se dissipou por completo. Dizem que nem sempre o amor de mãe nasce junto com o filho; mas o meu nasceu. Foi só eu segurar o seu corpinho e olhar aqueles pezinhos tortinhos ( coisinhas mais lindas de Deus) pra meu coração bombar de ocitocina e transbordar amor imediatamente.
Com 8 dias de vida Otto iniciou o tratamento e levamos uma vida absolutamente normal desde então. Costumo dizer que se no dia do ultrassom fatídico eu soubesse como tiraríamos tudo de letra, eu não teria sofrido e temido tanto. Não é fácil, mas também não é tão difícil assim. Difícil é quando não tem tratamento! Neste caso não só há tratamento, como o prognóstico é de sucesso total!
Com pouco mais de 70 dias de vida Otto já usou 7 gessos, fez uma cirurgia e agora usa uma órtese ( que chamamos de botinha) que o irá acompanhar até aproximadamente os quatro anos de idade para manter seus pezinhos ( agora já perfeitos) firmes no lugar. Falando assim parece um bicho de sete cabeças, mas de verdade, não é. O ser humano tem uma capacidade incrível de se adaptar e os bebês então…
Tudo isso tem nos ensinado diariamente. Hoje vejo os pequenos desafios da vida em sua real proporção, sem dramas; tenho o coração cheio de gratidão pela família linda que criamos e pela oportunidade de crescer como ser humano. Aprendi que uma adversidade terá em sua vida a proporção que você der a ela. E aqui escolhemos não dar prioridade a isso! A vida continua e nosso menininho é lindo, amado e perfeito do jeitinho que ele é! Graças a Deus e ao avanço da medicina seus pés estão perfeitos e ele poderá ter vida normal, andar, correr, jogar bola, fazer o que quiser.
SOBRE O PTC (Pé Torto Congênito)
Apesar de ser um susto para os pais, o pé torto congênito é um problema relativamente comum nos recém-nascidos – 1 em cada 1.000 nascem com ele. A causa dessa deformidade é desconhecida, por isso ele é chamado de Pé Torto Congênito Idiopático.
A maioria dos pés tortos podem ser corrigidos ainda quando bebês em seis a oito semanas com manipulações adequadas e aplicação de gesso. O tratamento é baseado no entendimento da anatomia funcional do pé e da resposta biológica de músculos, ligamentos e ossos às alterações de posicionamento obtidas pelas manipulações seriadas e aplicação de gesso. O tratamento que traz melhores resultados é o idealizado pelo médico americano Dr Ponseti, que deu nome a técnica.
O tratamento deve começar na primeira ou segunda semana de vida para aproveitar a elasticidade favorável dos tecidos que formam os ligamentos, cápsulas articulares e tendões. A criança tratada de pé torto logo ao nascer poderá desenvolver um pé normal, seja no aspecto, seja na função.
UMA PALAVRA AOS PAIS
Se você chegou até o blog porque descobriu que seu filho(a) tem PTC: Acalme seu coração! É mais fácil do que parece, não deixe que o diagnóstico perturbe sua gravidez.
Aproveite para já pesquisar sobre o tratamento e escolher seu médico. Ter tudo isso definido antes do nascimento ajuda bastante.
Participe de grupo de mães e pais de filhos PTC . Trocar experiências com quem já passou ou está passando pelo mesmo desafio ajuda a nos fortalecer e até resolver problemas que nos parecem muitos difíceis, mas que já podem ter sido solucionados por outras mães.
Prepare seu enxoval levando em consideração que seu bebê passará boa parte do tempo engessado ou com órtese, ou seja, diga adeus aos macacões com pezinhos e até mesmo às calças.
A questão do banho costuma assustar os pais ( afinal, dar banho num recém nascido já não é fácil, ainda mais com as duas pernas engessadas).  Eu segui essa dica de uma mãe e fomos muito felizes no banho >>https://www.youtube.com/watch?v=75z8DXK9Pwg  ( também mandei confeccionar dois saquinhos de tecido impermeável para cobrir as perninhas e evitar possíveis acidentes aquáticos).
Muito importante: Converse com seu bebê. Explique a ele cada etapa do tratamento, avise-o de tudo que vai ocorrer. Parece bobagem, mas mesmo pequeninos eles já têm um nível de entendimento e isso os deixa  mais seguros e confiantes, o que faz toda a diferença!
Gesso: uma dica preciosa>> Os gessos costumam levar o dia todo para secar e úmidos incomodam bastante, podendo até causar ( mais) cólicas. Usei o secador em todas as vezes e meu pequeno não teve problema algum pra se adaptar com os novos gessos. Muito cuidado para não queimar o pele do bebê, use o secador  a uma distância segura das perninhas e mire sempre apenas na área do gesso.
Se seu filho precisar fazer a cirurgia, o que ocorre em 90% dos casos, não se desespere. O procedimento é simples ( muitos médicos fazem apenas com anestesia local), o pós operatório é tranquilo e o resultado é maravilhoso. Aliás, durante todo o tratamento, quando o “bicho pegar” : FOCO NO RESULTADO!
Indicação de sites

Relato do MEU parto – Fabiana e Otto


Exatas quatro semanas após o nascimento do Otto, consigo sentar para escrever o relato. Coisa que não consegui fazer com o Gael, nem tantos anos depois. É impossível falar de um parto sem pensar no outro.  Seis anos atrás eu era apenas uma menina que queria muito ter parto normal  em uma cidade onde isso era quase impossível na rede privada. E eu nem sonhava muito com humanização, eu só queria conseguir parir meu filho no dia em que ele quisesse nascer e sem precisar cortar camadas e camadas da minha barriga. Isso eu consegui, e já foi suficiente para que eu me sentisse vitoriosa.  Tanto que apaguei das lembranças todas as intervenções ( e violências) desnecessárias, pra guardar apenas o que me importava na época: eu consegui! Bendita memória seletiva!
Então veio a segunda gravidez e após anos sendo ativista do parto normal, havia chegado a hora de conseguir o parto dos meus sonhos.  Igualzinho a todos aqueles relatos que eu sempre lia com lágrimas nos olhos. Eu estava decidida, não só eu iria parir meu filho quando ele quisesse nascer, mas eu seria a protagonista desse momento! E ai de quem tentasse me impedir!
Em um primeiro momento, eu e meu marido chegamos a cogitar o parto domiciliar. Mas após muita reflexão, percebemos que não teríamos coragem e buscamos uma segunda opção. Ribeirão agora era uma cidade com alguns médicos humanizados e escolhemos o que nos pareceu mais dedicado à causa. Entretanto, o doutor estaria fora da cidade justamente quando eu completasse 39 semanas e algo me dizia que o Otto decidiria nascer justamente nesse período. Então fomos conhecer a maternidade da Casa de Saúde de São Carlos,  e imediatamente nos apaixonamos pela estrutura humanizada do hospital, pelas enfermeiras e pelo médico.
Completei  39 semanas em uma quinta-feira. No final de semana perdi o tampão,  era um sinal de que meu corpo estava se preparando para o dia D, mas eu já sabia que isso ainda podia levar dias ou semanas. No começo da noite de domingo comecei a sentir contrações fortes. Não eram mais “treinamento”, eram reais. Após algumas horas elas ainda não tinham pegado ritmo e começaram a esvanecer. Falei com a Helena, minha doula, que me alertou que deveriam ser os pródomos e me sugeriu  tomar pulsatilla ( homeopatia) porque se fosse TP mesmo, elas engrenariam e se não fosse, elas espaçariam. E elas espaçaram. ..
Fiquei bem frustrada com esse alarme falso e resolvi tirar a segunda-feira de folga. Juliano passou o dia comigo, passeamos de carro,  fomos ao super mercado e abastecemos a casa. Sentia as contrações o dia todo, mas como eram leves e desritmadas, ignorei-as.  À noite elas ficaram mais fortes, mas não contei para ninguém com medo de mais um alarme falso. Depois de uma hora elas continuavam e mais fortes, comecei a contar e os intervalos eram de 7 , 8 minutos. Avisei a doula que me mandou parar de contar e tentar dormir. Frustração tomou conta de mim de novo e tentei dormir. Mas não dava. Elas doíam. Meu marido tinha acabado de dormir e a Helena também. Eu não queria acordá-los para um alarme falso, então entrei no chuveiro para ver se melhorava. Devo ter passado uns 20 minutos debaixo da água quente e eu sentia que elas só aumentavam. Foi aí que “desobedeci “ a doula e voltei a contar: 5 em 5 minutos. Eu comecei a tremer e senti que não havia mais dúvidas: era a hora! Acordei o Juliano  e pedi pra ele ligar pra Helena. Mal consegui falar com ela no telefone e ela apenas disse: estou indo praí, arrume suas coisas que já vamos pra São Carlos. Tive uma descarga de adrenalina e comecei a tremer muito.  Minhas coisas já estavam arrumadas então liguei para minha mãe vir de Rio Preto para Ribeirão, ela ficaria com o Gael meu filho mais velho, e chamamos minha cunhada pra  ficar com ele enquanto ela não chegasse. Era uma da manhã e embora eu tivesse inicialmente a intenção de levá-lo conosco para São Carlos, acabei achando que eu ficaria mais à vontade sem ele por perto. Sábia decisão!
A doula chegou e colocou uma cinta com bolsa de água quente nas minhas costas o que aliviou muito a dor das contrações, montamos no carro e fomos. Pedi para colocarem uns mantras para tocar na viagem e me conectei com o que estava acontecendo.  O trajeto até São Carlos  durou uns 40, 50 minutos e nesse período tive apenas umas 3 ou 4 contrações. Temi que fosse outro alarme falso, mas acho que foi apenas providência divina mesmo.
Chegando ao hospital senti as contrações voltando a se intensificar, demos entrada e a enfermeira obstétrica fez um exame de toque: 4 cm de dilatação. Não era muita coisa, mas era ALGUMA coisa e fiquei feliz. A enfermeira me avisou, “olha vai demorar, então não fique ansiosa”. Mas em algum lugar dentro de mim eu senti que ela estava enganada.
Eram 2h30 da manhã quando entramos no quarto. A Helena fez a iluminação ficar mais fraca, colocou minha playlist pra tocar e enquanto ela e o Juliano descansavam um pouco, eu tentava me concentrar o quanto pudesse. Eu queria vivenciar aquele momento por inteiro, eu respirava fundo a cada contração e sentia prazer ( sim, prazer) em assistir meu corpo trabalhando para trazer meu filho ao mundo. Depois de não sei quanto tempo ( eu abandonei meu celular, relógio e etc) comecei a me mexer, andar de um lado para o outro, quando senti minha bolsa estourar. Saiu tudo de uma vez, cataploft no chão, e muita água. Encharcou meu vestido e eu não tinha levado nenhuma outra roupa!! A doula me avisou que agora as contrações iam realmente começar a pegar força e ritmo. Resolvi ir para o chuveiro e passei um bom tempo por lá, a água quente aliviava a dor, sentei um pouco na bola debaixo do chuveiro, mas não conseguia encontrar uma posição que realmente me relaxasse.  Eu queria entrar na banheira e pedi que a enchessem. A dor começou a ficar mais intensa e eu vocalizava muito em cada contração.  Mas sentia que me faltava o ar ( o quarto estava quente demais também por causa da banheira sendo enchida) e isso começou a tirar meu foco. Coloquei um roupão e pedi pra sair do quarto, eu precisava tomar ar. Eu gritava durante as contrações e comecei a ficar aflita por estar fazendo isso no corredor do hospital.  E resolvi voltar para o quarto. Eu já não sabia quanto tempo tinha passado e resolvi me concentrar  com mais afinco para controlar a dor, já que eu não tomaria anestesia.  Mudei a “tática” e ao invés de gritar nas contrações, eu respirava fundo e repetia mentalmente, “a dor não me controla, eu controlo a dor”, até que a onda de dor se fosse. Eu fechava os olhos e era como se estivesse dentro  de mim mesma.  Funcionou.
Não sei quanto tempo passei assim, mas quando abri os olhos vi que amanhecia e pedi para o meu marido ficar perto de mim. Eu queria e precisava sentir sua companhia e seu amor, afinal, esse momento era dele também! Depois de um pouco de carinho, voltei a ficar introspectiva e a focar em controlar as dores das contrações, cada vez mais próximas e  intensas. Entrei naquilo que chamam de partolândia e tenho apenas fragmentos de memórias do que aconteceu então. Sei que em determinado momento implorei à doula que me deixasse entrar na banheira, ela relutou, pois achava que ainda era cedo e podia atrasar o trabalho de parto, mas eu fui firme e disse que queria mesmo assim. Então, entrei… E por 10 minutos tive um alívio imenso, cheguei a cochilar, até que fui despertada por uma vontade incontrolável de fazer força. Aquilo me assustou. Eu estava preparada psicologicamente para as contrações, mas para o puxo , não. No parto do Gael eu estava anestesiada e não senti absolutamente nada de vontade de empurrar. Aquilo era novo para mim e, francamente, bem assustador… Helena correu para chamar o médico ( sim, ele não estava na sala até então e nem precisava estar…) e as enfermeiras me davam palavras de apoio. O Juliano se sentou por trás de mim, fora da banheira e eu senti novamente aquele desejo de fazer força. E senti dor, muita dor, mais dor do que eu jamais havia sentido antes. E medo.  Gritei muito ( devo ter assustado o hospital todo, passei o dia seguinte pedindo desculpas às enfermeiras pelo escândalo) e tive vontade de desistir ( como?).  Quis mudar de posição, tentei  ficar de quatro, não rolou e então me ofereceram a banqueta. Aceitei, colocamos dentro da água e me senti mais confortável . O médico me garantiu que na próxima contração o Otto nasceria e de repente a cabecinha saiu. Me sugeriram que o tocasse. E  foi engraçado, pois sempre que via esse momento nos vídeos eu pensava: “jamais terei coragem de fazer, muita aflição”, mas eu o fiz. Senti a cabecinha e os cabelinhos, e aquilo me deu uma vontade enorme de pegar meu filho nos braços! Pedi ajuda ao médico, veio mais uma contração e ploft! Às 8h05 ele nasceu! E estava ali, nos meu s braços. Lindo, saudável, natural. Abracei-o, cheirei-o, só faltou lamber! Coloquei-o no meu seio, ele tentou pegar o mamilo, mas eu estava completamente esgotada e queria deitar. Saímos da banheira ainda ligados pelo cordão umbilical, deitei na cama e ele então mamou. Impressionante como a pega foi naturalmente perfeita! Só então eu me dei conta: eu havia conseguido o parto dos meus sonhos! E meu filho estava ali comigo, de onde não saiu nunca mais.  Todos os procedimentos foram feitos com ele no meu colo ou do meu lado. Alguns minutos depois a placenta saiu, e o cordão umbilical foi cortado por um relutante Juliano. Minha família estava completa! E eu também!
Quero agradecer muito a toda equipe da Casa de Saúde, ao cuidado das enfermeiras, à segurança do médico (Dr Rogério), ao suporte físico e emocional proporcionado pela Helena, minha doula, e o apoio incondicional do meu companheiro, marido e amigo, Juliano. E a compreensão da família, que em nenhum momento questionou minhas escolhas ! É com imensa emoção e alegria que escrevo esse relato. Do MEU parto, literalmente. O parto que eu desenhei, sonhei, visualizei e consegui. Que seguiu tudo que pedi no plano de parto sem que eu sequer precisasse entregá-lo a alguém ( não conseguimos imprimir e fomos sem mesmo).  Gratidão imensa!

* Post originalmente escrito em setembro de 2014

Obrigada por me mostrar um novo mundo


Gael,
Quatro ano atrás, uma hora dessas, minha barriga estava quase explodindo (sério, nunca vi uma barriga daquele tamanho, exceto em gestações de múltiplos) e eu seguindo todas as simpatias possíveis e imagináveis para você nascer logo. Mal sabia que aquelas eram as últimas horas da minha vida como uma pessoa “sozinha”. Porque a gente até sabe que a vida vai virar de ponta cabeça quando seu filho nasce, mas não dá para dimensionar o quanto essa mudança é definitiva.
E é engraçado como eu já nem lembro exatamente como era minha vida pré Gael. O que eu fazia nas minhas horas extras? Como era dormir a noite inteirinha e acordar somente com o toque do despertador? Como era preocupar-se tão somente com o próprio umbigo?
Eu nunca fui de romantizar a maternidade. Ela é transformadora, mas também cheia de percalços e sacrifícios difíceis de encarar. No entanto,o resultado dessa equação é tão positivo, que quanto mais o tempo passa, mas eu sou grata por ter a chance de vivenciar essa experiência. 
Eu, que já dei aulas por alguns anos, tenho uma prazer genuíno em ensinar. Gosto da tarefa de  mostrar o mundo para você. Mas é você, Gael, que me mostra, diariamente, um mundo novo. Com sua honestidade sem malícia,  me relembrando como é simples dizer somente a verdade, sempre. Me ensina o desapego, afinal dou a vida por ti diariamente sem esperar nada em troca.
Contigo, tenho a oportunidade de ser duas vezes mais feliz. Já que suas alegrias, são as minhas também. E às vezes, suas conquistas me fazem até mais feliz que as minhas próprias. 
E como é fácil ser feliz com você. Basta uma piada boba, contada com uma voz engraçada ou um cheiro no cagote. 
E por você, filho, tenho vontade de ser uma pessoa melhor. E sou. Sabe aquele desejo que geralmente as crianças têm de despertar orgulho nos pais? Pois eu quero que você tenha orgulho de mim. Mesmo diante de todas minhas imperfeições.  E que você saiba que sou humana, e que erro, mas que faço tudo, sempre, tentando acertar.
Às vezes, tenho a sensação que nosso amor vem de outras vidas. Mas acho que todas as mães se sentem assim. Eu gosto da minha individualidade e a preservo, mas  sou capaz de sentir saudade de você à noite, tendo te visto pela manhã.  Sou extremamente grata pela missão ser mãe desse menino tão especial, que transformou não só a minha vida e do papai, como a de todos da nossa família. Você nos enche de luz e alegria!
Isso não significa que você não me deixe louca de vez em quando. Aliás, quanto mais eu te amo, mais você me enlouquece. Vai entender o coração de mãe…
Meu príncipe, amanhã é o seu dia. Feliz aniversário. I love you very much.
Beijos,
Mamãe

* Post originalmente escrito em março de 2013

Três anos em mil


Mal posso acreditar, mas o meu bebê está fazendo três anos. E sejamos realistas, ele não é mais um bebê. Passou rápido demais. Foram 1096 dias tão intensos que já nem lembro como era minha vida antes de Gael. Hoje um molequinho esperto e metido a independente que tem voz e vontade próprias.
E isso muda absolutamente tudo! Como é gostoso ouvi-lo falar palavras difíceis (errado, claro, mas nem corrijo porque é fofo demais) ,  formular raciocínos e fazer perguntas, muitas perguntas. Nossa vida ficou tão mais fácil desde que aposentei minha bola de cristal e não preciso mais adivinhar o que se passa em sua cabecinha. Nos últimos meses finalmente passei a enxergá-lo como um serzinho e não como um prolongamento de mim.
Até porque somos muito diferentes. Ele está sempre bem-humorado e disposto a fazer amizades. Não passa por ninguém sem desejar bom dia ou dizer “ oi, tudo bem?”.  ( Digamos que eu não sou conhecida pelo meu bom humor). É muito atento aos detalhes,  do tipo que nota se você está de sapato novo, ( enquanto eu demoro meses para notar qualquer tipo de mudança na minha própria casa) e preocupado com a felicidade dos que o cercam.
Incansável, é capaz de passar duas horas ininterruptas correndo pelo clube e chegar em casa ainda querendo brincar  de esconde-esconde. Difícil é convencê-lo de que está na hora de dormir. Isso não acontece sem que eu conte ao menos uma história e cante duas músicas. Mas o Universo é tão maravilhoso que, apesar de me mandar um moleque dos mais agitados e sapecas, o fez carinhoso como jamais  sonhei. Do tipo que segura minha mão sem motivo aparente e me acorda com beijinhos ( tá, tem dias que me acorda com tapões também). E me faz sentir a pessoa mais amada e completa do mundo. Meu amigo, meu companheiro.
E eu, que sempre acreditei que realizaria coisas grandiosas e  deixaria um legado para o mundo, tenho hoje a certeza de que já fiz a coisa mais importante da minha vida, que é ter colocado o Gael no mundo. Ele é o meu maior e melhor legado.
Tenho como missão educá-lo para fazer a diferença nesse mundo doido em que vivemos. E é libertador levantar os olhos e parar de mirar no meu próprio umbigo. Que responsabilidade gratificante é olhar para frente e ajudar o meu molequinho a construir um futuro feliz. E eu, sinceramente, não desejo mais nada além disso.
Feliz aniversário, meu príncipe. Meu mundo é um lugar melhor por causa de você!

* Post originalmente escrito em março de 2012