As pessoas geralmente associam ativismo com chatice, pois em grande parte das vezes os ativistas se tornam chatos e monotemáticos, eu sei. Talvez eu também tenha me tornado assim e não percebi, mas espero que não. Um tempo atrás tive uma discussão que me fez refletir sobre a razão de eu ter me tornado ativista do parto humanizado.
Eu tenho dezenas de motivos pra defender o parto humanizado. Todos eles baseados em evidências científicas que comprovam que o parto normal é mais seguro do que a cesárea e melhor para a mãe e o bebê. Mas não são esses motivos que me fazem chorar ao ler cada relato de parto. Não é isso que faz meus olhos brilharem quando falo do assunto ou quando relembro as minhas experiências pessoais.
O que me motiva é o poder transformador de um parto humanizado. Quantas mulheres renasceram e ressignificaram suas experiências anteriores depois de parir! Quantas mulheres encontraram sua força interior e seu sagrado feminino durante o parto!
Eu passei por um parto normal cheio de intervenções
e algumas violências obstétricas. Anos depois tive um parto natural humanizado.
E vivi na pele a diferença entre eles e o pós parto ( muiiiito mais complicado
em um parto não-natural).
Eu senti. Eu vivi. Eu olhei minha sombra nos olhos.
Encarei meu medo de frente. Virei uma leoa. Me senti a mulher mais poderosa e
maravilhosa do Universo. Eu ultrapassei todos meus limites, virei índia, senti
meu corpo pulsar no ritmo da natureza. Eu confiei na minha capacidade de parir
e isso me transformou. E é ISSO que eu desejo que todas as mulheres do mundo
possam sentir. Eu quero que elas sintam! Essa sensação indescritível de empoderamento.
Esse é motivo pelo qual que virei ativista.
Para que mais mulheres possam se sentir assim. Para
que elas não tenham seus partos roubados (mesmo sem saber). Para que elas
tenham a chance de experimentar todas essas sensações e transformações.
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